domingo, 30 de janeiro de 2011

REDINHA VELHA DE GUERRA

Redinha Velha de Guerra

Por-do-Sol, Potengi

Ai de mim sem Redinha

(Pedrinho Mentes – Esquina do Continente)

          Peço licença pela forma que escrevo este artigo. Fui pego de surpresa ao ver numa dessas redes sociais, uma pejorativa comparação da Redinha com um certo local da “granfinagem” (lembrem-se estou pedindo desculpas antecipadas pela escrita) do litoral sul que, nos domingos, entope-se de “farofeiros” e outras classes criadas pelo nosso tão rico Potiguês.
          Fato é que a Redinha não foi beneficiada pelos tempos de desenvolvimento. Sofreu pelo fato de ser zona de fronteira, por não ter sido abraçada pelos municípios de Natal ou Extremoz. Pecou por ser tão hospitaleira e não fazer distinção entre seus moradores (aqui, cabe a ressalva: gente de bem de todos os tipos: pescadores, comerciantes, bêbados, pedintes, miseráveis, mas sem exceção, gente de bem); então, recapitulando... Pecou por ser tão hospitaleira e não fazer distinção entre seus moradores, veranistas e todos os tipos de degredados que chegaram após um discreto crescimento desde vila de pescadores até bairro de Natal (ou de Extremoz; até hoje não está definido).
          Há, entretanto que se respeitar sua História, sua importância como porta de entrada para o turismo do Rio Grande do Norte e, para aqueles que teimam em compará-la com outras praias ditas badaladas, como pioneira no circuito de shows e outros eventos relacionados ao verão e à “rica” cultura de mauricinhos e patricinhas (com minúscula mesmo). Lembro-me bem quando esperávamos pela abertura oficial do verão no Portal das Dunas e vestíamo-nos como autênticos veranistas, de camiseta, bermudas e... pés no chão. Isso mesmo, não recordo uma vez sequer, de ter ido ao Portal usando calçados, fato aparentemente banal, mas para os que viveram esta época, de um romantismo sem par.
          É isto! A Redinha tem memória! Tão sólida quanto a Igreja de Pedras do Padre Tiago Theisen e o Clube ao lado do Mercado, tão romântica quanto a Festa do Caju e a Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes onde as mocinhas compravam o apavorante chapéu de marinheiro (chamávamos assim mesmo), tão viva quanto os herdeiros de Seu Geraldo Preto, de Dona Dalila, de Mumbaca (eita danado), tão saborosa quanto seu prato característico: a ginga com tapioca (duvido encontrar algo semelhante em qualquer culinária).
          Esta é a Redinha, A MINHA REDINHA, cantada em prosa e verso pelos artistas locais e até imortalizada internacionalmente pelas impressões de Saint Exupéry sobre o mais belo por do Sol do mundo. Local aonde vou quase diariamente, tomar café-da-manhã com meus pais antes do trabalho; fonte de inspiração de Carlos de Freitas Barreto para o livro VIVER, escrito na UTI de um hospital de Natal. Não venham, portanto, fazer comparações chulas. Não as aceito! Se teimar, vai ter briga! E olhe que tenho ao meu lado o Bloco dos Cão e os Índios. E salve João Bolão!

Wilson Cleto de Medeiros Filho

(Medico, Pediatra – “Redinhense” de corpo, alma e coração)

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