segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

SÚPLICA DE UM PAPAI NOEL NATALENSE


Feliz Natal !
Ho! Ho! Ho!

Mas meu salário nem saiu.

Nem o lixo pegam mais.

A prefeita já caiu

e ninguém correu atrás.


Vou andando pelas ruas,

tropeçando em buraco,

com as árvores quase nuas,

sem o poste decorado.


Feliz Natal ?
Oh! Oh! Oh!


Já roubaram tanto a gente.

Todo tipo de barraco.

Este ano sem presente.

Não carrego nem o saco.


Minha rena tá com sede.

A CAERN nem encheu.

Minha grana acabou.

Meu trenó tá sem pneu.


Feliz Natal...
Ai! Ai! Ai!


Minha coluna tá doendo.

Mas no posto não tem doutor.

Minha rua tá fedendo.

Foi a prefeita que peidou!


Minha ceia tá vazia.

Este ano sem peru.

Rasgou a minha fantasia.

Subiu o meu IPTU.


Feliz Natal.
Ra! Ra! Ra!


Quem tá bem é rapariga.

Com ladrão solto na rua.

E eu com dor de barrriga,

tanto solta, tanto sua.
 

Mas eu acho que aprendi.

Numa cidade sem prefeito:

os olhos ter que abrir

e lutar por mais respeito.



Dr. Gustavo é Psiquiatra e  ficou sem decoração de Natal.











domingo, 25 de novembro de 2012

DEPRESSÃO: A VEJA E SUAS CAPAS



Em 1987, o lançamento do Prozac (Fluoxetina) causou furor no meio científico e foi apontada pela mídia como a famosa "droga da felicidade". Na divulgação da droga, que já completa 25 anos, prometia-se: "Better than ever".

Na edição da revista Veja de 31/03/1999, 12 anos depois, a capa já avisava: "O mal já pode ser vencido com a ajuda de remédios".

Na capa desta semana, 28/11/2012, 13 anos depois, afirma: "Depressão: A promessa de cura. A cetamina é a primeira esperança de tratamento totalmente eficaz da doenca..."

 Em 2025, aguardemos a nova capa.

Gustavo Xavier é psiquiatra e contrário aos sensacionalismos

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

NATAL, 374 ANOS DEPOIS.

DN Online - Política - Assepsia: veja quem é quem na rede de corrupção disseminada na administração municipal


Em 1638, o conde MAURÍCIO DE NASSAU informava encontrar-se NATAL, "AGORA MUI DECAÍDA". O relatório de ADRIANO VAN DER DUSSEN, de 1639, esclarecia encontrar-se a cidade 'TOTALMENTE ARRUINADA", o que é confirmado por BARLÉU, que indica o fato de apresentar NATAL um "ASPECTO TRISTE E ACABRUNHADOR PELAS RUÍNAS, VESTÍGIOS DE GUERRA".

(do livro Os Holandeses na Capitania do Rio Grande, de Olavo de Medeiros Filho).
Eu diria que a cidade encontra-se, 374 anos depois, ainda muito decaída, arruinada moralmente, com aspecto triste e vestígios de guerra, cheia de buracos. A impunidade fez os jovens tomarem coragem para roubar, sem vergonha nenhuma. Ter na família, um filho ou parente corrupto parece se algo absorvido com vista grossa, basta contratar um bom (?) advogado e tudo estará bem. E enfim, coloca-se os filhos, os netos, jovens ambiciosos, sem princípios morais, estes já perdidos e vencidos pela contaminante corrupção, do dinheiro fácil. "Aguentar tanto problema? ele tinha mais é que levar um por fora", talvez seja o alento para os amigos próximos. "Ele é inocente, tudo será esclarecido", a negação habitual dos pais e da família. Nessa crise moral e de costumes, sabido é quem leva a melhor. Ladrão virou intelectual, comparsa vira doutor. Um guerra que deixa muitos mortos ainda.
Gustavo Xavier ficou triste e decepcionado. 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Mote e Glosa - por Wilson Cleto Filho
















Mote:
Com o ipê em flor até janeiro
É certeza de inverno o ano inteiro

Glosa:
Em sua labuta diária
Segue forte o sertanejo
Na cantiga triste e solitária
De um esquecido realejo.
Querendo que a seca malvada
Seja só um mal passageiro
Sonha, em cada alvorada
Com o ipê em flor até janeiro.

Sofrendo "das cruis" e de fome
Mas sem se deixar abalar
Segue com fé, este homem
Não pode com os filhos faltar.
É sempre bem confiante
Mantém o seu ar prazenteiro
Pois sente que dali em diante
É certeza de inverno o ano inteiro.

Wilson Cleto de Medeiros Filho

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

MODA EM NATAL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL



Texto originalmente publicado na revista Glam #11. As duas primeiras imagens
 
que ilustram o artigo foram cedidas por Minervino Wanderley.
 
 
 
 
 
Seu Alcides mostra aos soldados americanos a mercadoria que valia ouro: Meia-calça!
 
 
Natal, rua Ulisses caldas, um dia qualquer do ano de 1943. Um grupo de soldados americanos visitam uma loja à procura de um item raro e valiosíssimo no período. Eles não são os primeiros. A fama da loja atravessou o oceano e, antes mesmo de chegarem a Natal, eles já sabem que precisarão visitar o lugar.
 
A loja é a Casa Rio – que anos depois deu origem às lojas Rio Center, que existem até hoje na cidade. Os jovens americanos, como sempre, vestem seus uniformes cáqui e chamam atenção por onde passam. O que eles procuram de tão valioso? Meia-calça de seda!
 
Um par delas vale a felicidade de uma noiva, uma irmã, uma mãe, e a gratidão eterna dessas figuras femininas quando ele voltar para casa.
 
A cena repetiu-se durante todos os anos em que os americanos estiveram por aqui. 
 
Quem conta é dona Guiomar Araújo, viúva de Alcides Araújo, que administrava a loja junto com o pai.
 
“Os americanos ficavam doidos quando viam que a gente vendia meia-calça. Eles diziam que não tinha mais meia-calça no mundo por causa da guerra. Compravam muito, pagavam em dólar.
 
Eu e Alcides tivemos que pedir muito mais peças para o fornecedor em São Paulo. Era um pedido tão grande que o fornecedor achou que a gente estava de brincadeira, e ligou muito pra mim muito chateado. Eu disse ‘mande as meias que eu pago adiantado’!
 
Enquanto os americanos estiveram por aqui, vendi mais meia-calça que na minha vida toda, eu acho” relembra ela, com uma memória irretocável para os seus 90 anos.
 
 
 
 
 
 
Dona Guiomar na porta da loja. Notem o “english spoken”
 
A história contada por dona Guiomar nos diz muito sobre a realidade de Natal no período da Segunda Guerra, principalmente sobre a moda e sua ligação com os hábitos e costumes da população – que é o que interessa a este artigo. Mas para entender o que acontecia, precisamos primeiramente entender como a Segunda Guerra Mundial modificou a moda no mundo.

A guerra e o mundo
 
Os tailleurs com ares de uniforme militar, caracterísitcos dos anos 40
 
No início dos anos 40, Paris ainda dominava a geografia da moda. Podia-se dizer que a capital francesa era o centro do mundo no mapa da alta costura. E foi a partir de Paris que vieram as mudanças drásticas, impostas pela Ocupação, que transformou o visual das mulheres da década de 40.
 
A estética do glamour dos anos 30 foi declarada decadente pela política nazista alemã. No livro ‘A moda do século’, François Baudot registrou:
 
“A parisiense emagrece, suas roupas ficam mais pesadas e as solas de sapatos também. (…) assim, a partir de 1940 está proibido mais de que quatro metros de tecido para um mantô e um metro para chemisier (exceção feita apenas para as grávidas). Nenhum cinto de couro deve ter mais de quatro centímetros de largura.”
 
Durante toda a década, a estética será dominada pelo racionamento de roupas, a economia de botões e outros aviamentos e a reciclagem de peças antigas - teria surgido aí a customização?

Além disso, as mulheres sofrem com o sumiço da meia-calça. Todo o naylon e a seda produzidos na Europa eram aproveitados na fabricação de pára-quedas, e as – antes elegantíssimas – parisienses agora tem que se contentar com o uso de meias soquetes.
 
Com o tempo, as meias curtas passam a ser utilizadas até mesmo com vestidos de festas. Outra alternativa é maquiar as pernas e desenhar um traço fino na parte de trás, lembrando a costura da meia-calça. Essa é uma imagem icônica do período.
 

 
 
É famosa – e curiosa – também a história contada no livro ‘Moda & Guerra: Um retrato da França ocupada’ , de um soldado que, ao fim da guerra, levou o pára-quedas na mala para fazer o vestido de noiva da namorada.
E assim as pessoas sobreviviam nos duros anos 40.
 
tailleur com ares de uniforme militar, de ombros largos e saia reta, é o modelo mais usado no período. 
 
O unico elemento do visual feminino que não sofreu racionamento foram os chapéus. Isso fez com que a moda subisse – literalmente – à cabeça das mulheres, e se a roupa e os sapatos eram bem modestos, os chapéus e turbantes eram verdadeiras esculturas. Serviam para dar um ar mais arrumado ao visual, mas também para esconder cabelos mal cuidados e mal cortados, carentes de um salão de beleza.
 
O lenço na cabeça, usado pelas moças que foram trabalhar nas fábricas, logo foi incorporado ao visual feminino em todas as camadas da sociedade. Da operária à mulher do oficial – a única que ainda tinha algum dinheiro para comprar roupas novas.
 
Foi com o dinheiro das mulheres dos oficiais nazistas que a alta costura conseguiu sobreviver, mesmo que em coma, nesse período.
 
Os historiadores são categóricos em afirmar que, caso a alta costura tivesse parado de produzir por completo durante os anos de guerra, a França haveria perdido para sempre o lugar que ocupa no mapa da moda, o que mudaria completamente o panorama da moda atual.
 
 
 
A moda que subiu à cabeça
 
 
A guerra e Natal
 
 
Se à época da guerra Paris era um grande parque de diversões que foi fechado por falta de energia, Natal não passava de uma pequena vila que começava na Ribeira e terminava no Tirol. É difícil para as novas gerações imaginar essa antiga ordem da cidade, onde Ponta Negra era uma distante praia de veraneio.
 
Com os americanos veio também uma revolução significativa nos costumes da cidade. A professora e pesquisadora Josimey Costa registrou no documentário ‘Imagem sobre imagem – a Segunda Guerra em Natal’ depoimentos que remontam a influência que a guerra e a chegada dos americanos tiveram sobre Natal.
 
E o que mais chamou atenção da pesquisadora foi que a guerra era excitante para os moradores da então pacata capital potiguar. “Quando comecei a pesquisa eu tinha a ideia de que foi um período de tensão, que as pessoas viviam oprimidas, com medo da guerra chegar aqui. Mas o que percebi é que as pessoas vivem apesar disso e encontram – mesmo nos períodos mais trágicos – momentos de alegria”.
 
Os momentos de alegria trazidos pela guerra eram os bailes, a bebida, os chicletes, a música e os belos e
 
jovens soldados de cabelos loiros e olhos azuis – biotipo totalmente diferente dos potiguares. Um dos
 
entrevistados de Josimey no documentário, Alvamar Furtado, fez uma comparação interessante:
 
“Natal foi invadida por uma multidão de príncipes encantados”.
 
E quem tem tempo para ficar oprimido com tanta novidade na cidade?
 
Talvez só mesmo os rapazes natalenses, que perdiam feio para os americanos na hora da paquera. Os nativos eram formais, usavam terno e chapéu de palhinha. Já os estrangeiros, quando não estavam de uniforme, usavam camisas coloridas por fora da calça – sem “ensacar” como dizemos por aqui – e as mulheres achavam isso um charme.
 
Dona Guiomar lembra que os soldados também iam à Casa Rio comprar Chanel Nº 5, outro item escasso que fazia sucesso durante a guerra. E que isso deu margem para um golpe que ficou famoso na época: “tinha gente em Natal querendo dar uma de esperto.
 
Eles pegavam vidros de Chanel Nº 5 e dividiam em vários frascos. Completavam com outro perfume barato e vendiam para os americanos. Eles eram loucos por esse perfume, e compravam muito. Muitos caiam no golpe”, conta.
 
 
 
Anúncio anterior à II Guerra, década de 30
 
 
Também foram os americanos que trouxeram os calções curtos de helanca para os banhos de mar em Ponta Negra e Areia Preta. Antes disso, os rapazes natalenses usavam calções compridos na praia.
 
As moças passaram a querer usar maiô aberto nas costas, como as atrizes de Hollywood e as pin-ups dos calendários.
 
Mas por aqui a vigilância dos pais ainda era severa, e as mães geralmente cobriam as costas do maiô com uma peça de croché.
 
 
Foi a época também em que as mulheres começaram a usar calças compridas à la Marlene Dietrich. Só as solteiras usavam, não ficava bem para uma mãe de família andar de calças por aí.
 
E as moças que usavam eram “mal faladas”.
 
 
 
 
Marlene Dietrich, a musa de calças compridas
 
 
Os cabelos eram cacheados com bobs, as moças perdiam horas ondulandos os fios. Apesar do racionamento de tecidos no resto do mundo ter feito as saias minguarem, por aqui elas ainda eram rodadas. Ideais para balançar e rodopiar nos bailes do América.

Há estudos que defendem que nem tudo foram flores nesse período. Os preços por exemplo subiram vertiginosamente. Havia muito dólar circulando, e o comércio cobrava como se todos tivessem o mesmo rendimento dos americanos, quando na realidade a cidade era, de uma forma geral, muito pobre.
 
Mesmo assim, a maioria das pessoas que viveu aquela época a lembra com saudosismo, como uma época de ouro da cidade.
 
Talvez porque, em termos de moda e estética, Natal era uma bolha de glamour num mundo castigado pelo racionamento. Não faltava meia-calça nem Chanel Nº 5, mesmo que a maioria da população não tivesse o hábito de usar nem um nem outro.
 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

FELIZ DIA DO PSIQUIATRA

FELIZ DIA DO PSIQUIATRA
Estimados amigos Médicos Psiquiatras,
Fiz uma pesquisa sobre a existência de um dia que pudéssemos escolher como dia do Psiquiatra, mas nada de conclusivo achei. Na verdade, nós todos já temos um dia e esta minha procura foi inútil. Trata-se obviamente do DIA DO MÉDICO, 18 DE OUTUBRO, HOJE.
Desejo parabéns a todos, que com coragem, talento e principalmente, VOCAÇÃO, exercem a profissão de MÉDICO PSIQUIATRA.
Essa firula (aqui expresso minha opinião pessoal) de “profissional de saúde mental”,  “trabalhador psi”, ou qualquer baboseira do gênero, foi criada para depreciar a nossa profissão. É CLARO que somos profissionais da saúde mental, ou queriam que fossemos profissionais da saúde gastroenterológica, da saúde dermatológica?
O que acontece é que muitos colegas não aguentaram. A frustração (e fracasso) perante a dificuldade de lidar com o paciente com transtorno mental (o que eu chamo de desafio), impulsiona para outros caminhos adversos da PSIQUIATRIA, em última análise, da MEDICINA. Assim, na falta de vocação, de condições psíquicas internas para a labuta diária da profissão, existe quem desista. Nada mais natural. Mas, com uma couraça colorida, se apresentam como Psiquiatras. Deixem para estes a denominação de “trabalhador psi”.
EU sou MÉDICO, e como tal comemoro meu dia, 18 de OUTUBRO, como dia do PSIQUIATRA também, claro.
Desejo a todos os colegas PSIQUIATRAS, mais uma vez, um excelente dia, que ano que vem estejamos novamente aqui para comemorá-lo.

Gustavo Xavier
Médico Psiquiatra, sem medo de ser Psiquiatra, sem medo de ser feliz.

sábado, 8 de setembro de 2012

Carta a Diógenes de Abdera (pelo Prof. Edilson Pinto Junior)


Carta a Diógenes de Abdera
Meu estimado filósofo,
Veja só o que me aconteceu, outro dia. Ao querer imitá-lo - saindo em plena luz do meio dia com uma lanterna, a procura de um homem honesto-, sabe o que me aconteceu?! Fui assaltado: levaram a minha lanterna!... Tudo bem eu sei que foi um típico caso de ladrão que rouba ladrão, afinal não sou mesmo um “ladrão de citações”?
Pois é, meu caro Diógenes, feliz era você, que mesmo convivendo com uma sociedade corrupta, ainda podia sair nas ruas da Grécia antiga, e não ser assaltado. Podia morar num barril, apenas com um alforje, um bastão e uma tigela, e ninguém ousava tirá-las de você. Hoje, com a modernidade, no mundo das conexões rápidas, dos chips, das máquinas, da robótica, o chique é ser desonesto em todos os lugares... Outro dia, estava em São Paulo, num encontro de medicina e a noite sai para jantar com um amigo. A comida que sobrou, resolvemos colocar numa quentinha e entregar ao primeiro mendigo que encontrássemos. Ao descermos do taxi, havia um deitado, dormindo, debaixo de uma marquise. Coloquei a comida ao seu lado, na esperança de que ao acordar, ele teria algo para comer. Aí um pipoqueiro que estava próximo me alertou: “Senhor, não deixe ai não, pois vão roubá-lo!”.
Foi impossível não me lembrar do seu companheiro de profissão, o filósofo Jean-Yves Leloup e o seu comovente relato, no magnífico livro “O absurdo e a graça”, que conta a vida dele perambulando pelas ruas da França, a procura de paz: “Aconteceu que uma noite não encontrei mais minha mochila, devem tê-la tirado de mim, em um segundo, enquanto eu cochilava. Isso para mim foi um sofrimento real, eu me havia identificado tanto com aqueles pedaços de frases que sem eles minha vida não tinha mais sentido. Não chorava pelos meus documentos de identidade; chorava pelos meus poemas, chorava também pela miséria, pela injustiça... como é que um pobre pode roubar outro pobre? Não havia um tostão em minha mochila, lá só estava o meu tesouro, o brilho de duas ou três palav ras que, quando juntas, produzem um efeito de música ou de sentido”.
Meu caro Diógenes, toda vez que leio esse relato, confesso que meus olhos ficam marejados de lágrimas. E logo me vem à mente: “Por que o mal existe?”. Difícil essa pergunta, não?! São Tomaz de Aquino talvez tentando respondê-la, dizia: “Se o mal existe, Deus existe”. E eu não tenho dúvida que todas as pessoas nascem boas, pois como ensinou, recentemente, o grande professor de pediatria, Dr. Heriberto Bezerra: “O jovem é puro... se deteriora no caminhar da vida, às vezes por necessidade ou por fraqueza; ou pelas duas coisas!”.
E quando eu falo em homem desonesto, meu caro Diógenes, nem estou mais só falando daqueles que roubam dinheiro, pois como disse no inicio desta carta: o chique agora é ser desonesto em todos os lugares (até nos tribunais éticos, a corrupção é generalizada)... Falo daqueles que roubam nossos sonhos, que destroem as velhas amizades, que são desonestos com a sua própria consciência.
Sócrates dizia que uma vida não reflexiva não valia a pena ser vivida. Afinal, temos dentro de nós o maior de todos os juízes - aquele que trabalha dentro de um tribunal, onde não há como recorrer, nem fazer habeas corpus preventivo, nem delação premiada... Um tribunal cuja sentença é inapelável: a nossa consciência, que nada mais é do que “uma espécie de entidade invisível, que possui vida própria e que independe de nossa razão. É a voz secreta da alma, que habita em nosso interior e que nos orienta para o caminho do bem”.
Então, meu caro Diógenes, não há nada de errado em fazer as seguintes perguntas: “Estou em um caminho de sucesso? Estou em um caminho de santidade? Ou estou em um caminho de autodestruição?”. É fundamental responder a essas questões. Qualquer caminho para o índio Don Juan, do escritor Carlos Castaneda, é apenas um caminho. “E não constitui insulto algum – para si mesmo ou para os outros – abandoná-lo. Quando assim ordena o coração (...) olhe cada caminho com cuidado e atenção. Tente-o tantas vezes quantas julgar necessárias... Então, faça a si mesmo e apenas a si mesmo uma pergunta: possui esse caminho um coração? Em caso afirmativo, o caminho é bom. Caso contrário, esse caminho não possui importância alguma”...
Meu caro Diógenes, como tenho utilizado o meu coração nestes dias. Fiz - com um profissional que se “queixava” de ser médico (nem um robô seria tão frio! Agradeci a Deus ao sair do exame, por saber que ele não tinha sido meu aluno: menos uma culpa para carregar nas costas)-, até um teste de esforço para avaliá-lo. Tudo isso para poder utilizar esse órgão - que bate muitas vezes descompassado pelas incompreensões, pelas ingratidões, pelas críticas muitas vezes infundadas e motivadas sei lá porque, etc. etc. -, de forma a julgar melhor e perdoar: “Pai, eles não sabem o que fazem!”.
Tenho utilizado esse meu miocárdio, para ver melhor aqueles que um dia idealizei como exemplos de ética e retidão moral e que olhando um pouco mais de perto, não passam daquela imagem sonhada por Nabucodonosor, com os enormes pés de barro, e que basta jogar um pouco de água para eles se transformarem num mar de lama... é preciso olhá-los com o coração, para entendê-los e poder colocar em pratica a caridade, pois sem ela não há salvação!
Portanto, permita-me terminar essa carta, meu caro Diógenes, com a seguinte oração: “Devemos igualmente amar nossos inimigos. Se ajudei a alguém o melhor que pude e se essa pessoa me ofende da maneira mais ignóbil, possa eu olhar essas pessoas como meus maiores mestres, pois eles nos permitem testar nossa força, nossa tolerância, nosso respeito aos outros... Compaixão e felicidade são a mesma coisa!”.
Um forte abraço! Até um dia, meu caro Diógenes!
Francisco Edilson Leite Pinto Junior – Professor, médico e escritor.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Este caos também é seu... Por Edilson Pinto Junior

Este caos também é seu...
“Fica decretado que agora vale a verdade.
Agora vale a vida, e de mãos dadas,
Marcharemos todos pela vida verdadeira”
(Estatuto do homem – Thiago de Mello)

Ontem. Dia dos pais. E que presente foi dado a um deles... Um ex-aluno meu, colega de especialidade cirúrgica e também professor de ofício de medicina, Dr. Irami Araújo, saiu de casa, operado de um de dente, e foi dar plantão na versão atual e moderna do INFERNO DE DANTE: o Hospital Clóvis Sarinho (HCS).
Hoje. Dia 13 de agosto de 2012. São 16:00h. Acabo de receber um e-mail dele cujo relato, caro leitor, faço questão de colocá-lo na íntegra:
Houve vários atendimentos de pacientes gravíssimos, que necessitaram de intubação orotraqueal ou cricotiroidostomia; metade das intubações foram realizadas às cegas ou quase, pois estávamos sem aspirador funcionando e sendo feitas no chão, devido a falta de macas altas; Oito/nove ambulâncias do SAMU retidas no pátio, sem condições de saírem, macas presas; e chegando mais; Só havia tubos traqueais 7 ou 9 Fr, ou seja, ou ficava muito frouxo ou muito apertado, dificultand o a intubação dos pacientes graves e a ventilação a posteriori; Não havia dreno de tórax, acreditem, dreno de tórax. Lastimável!!!! Devido ao esforço em intubar pacientes no chão, eis que começo a sangrar pela cirurgia dentária, então literalmente, senti o gosto de sangue, já que o odor do mesmo e de outros excrementos humanos já habitavam meu olfato, desde o início do plantão; Corredores lotados, aliás, não havia mais corredores, eram depósitos de pessoas, os chamados na atualidade de clientes do SUS, pela tão propagada política de humanização da saúde; Com certeza, não eram mais nem clientes ou pacientes, naquela situação, assumiam papel de qualquer ‘coisa’, menos de pessoas que necessitavam de cuidados; Nós, profissionais de saúde, também qualquer ‘coisa’ que vocês queiram imaginar, já estávamos perdendo a batalha, por falta de munição; Dreno de tórax??? Era o de menos... E assim fomos até o raiar do dia, gosto de sangue na boca, cansado, desiludido, sem esperança, abandonado, todos nós, eu, meus colegas e os pacientes... ou qualquer ‘coisa’ que os senhores queiram  denominar”.
Meu Deus! Pensei comigo mesmo, após ler este email: “A sabedoria eclesiástica continua com a sua terrível verdade: NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL!”. E o que é pior, fica a sensação de que teremos que absolver Hitler, já que ele foi muito menos cruel. Ele pelo menos tinha uma “desculpa”: purificar a humanidade... E qual será a nossa desculpa para mantermos este estado vergonhoso, que diminui, que apequena, que agride, que destrói e que mutila a dignidade da pessoa humana? Até quando manteremos viva a nossa porção Auschwitz-Birkenau? Até quando?
Meu Deus! Será que é tão difícil resolver esta situação? Será que é tão difícil resolver toda essa bagunça criminosa que foi feita ao longo de anos e anos na saúde deste estado? Quantas pessoas terão que morrer a mais, quantos profissionais da saúde terão que adoecer, para a gente pensar em mover-nos da nossa zona de conforto e dizer: BASTA!
Eu sei, caro leitor, que é triste ter que concordar com a célebre frase de Henry Ford: “A guerra dá lucro. Para os banqueiros internacionais, instigar guerras e enviar jovens para a morte é o melhor de todos os negócios”.  No entanto, é mais triste ainda ter que concordar com a lucidez do meu ex-aluno, médico regulador do SAMU Natal, Dr. Carlos Eduardo: “Professor, sabe quando esse caos na saúde do estado vai ser resolvido? Nunca! Pois ele dá dinheiro, professor. O caos dá dinheiro!”.
Não sei se foi a médica Zilda Arns que disse: corte o orçamento pela metade e tenha boas ideias. Mas, o que sei é que se fizéssemos isso - cortar o orçamento pela metade-, pelo menos resolveríamos grande parte de toda essa calamidade. Primeiro, acabaríamos os escândalos na saúde, pois sem dinheiro sobrando não haveria gatos, nem ratos... Depois, bastaria utilizarmos a lei de Pareto, que diz: “80% das consequências advém de 20% das causas”. E aí 20% das causas se chamam PRIORIDADES: uma central de regulação única de leitos de todo estado, organizando o fluxo dos pacientes; três unidades hospitalares de média complexidade abastecidas e distribuídas no interior do estado para servirem de anteparo ao HCS; valorização dos funcionários que querem trabalhar e demissão dos que não querem... Isso, só isso, já resolveria e muito todo esse caos.
Pois bem, caro leitor! Diferentemente de Nelson Rodrigues que afirmava que em Brasília, éramos todos inocentes e éramos todos cúmplices; neste caos da saúde do RN, só há culpados e só há cúmplices. Dos governadores anteriores ao atual, dos gestores da saúde anteriores ao atual, toda a população, inclusive eu e você, caro leitor, somos TODOS CULPADOS por isso, afinal O ESTADO SOMOS NÓS... e cabe a todos nós, pelo menos fazermos um pacto da mediocridade coletiva: enquanto este caos perdurar, ninguém tem o direito de rir no RN, pois vamos rir de que: da nossa própria miséria, da nossa própria incompetência, do nosso próprio descaso?...
Por último, vale a torcida para que a teoria de Allan Kardec esteja completamente errada, pois se tiver reencarnação, caro leitor, estamos fritos, literalmente fritos e que Deus tenha piedade de todos nós!
Francisco Edilson Leite Pinto Junior – Professor, médico e escritor (estou Coordenador Geral do SAMU Natal).


domingo, 12 de agosto de 2012

Hoje, Sonhei Diferente! - por Wilson Cleto Filho


Hoje sonhei diferente
Um sonho danado de lindo
Com luas, nuvens e ventos
Um gigante e um belo menino

Sonhava que em muito distante
Após o seu próprio acalanto
Dormia sozinho, o gigante
Não tinha ninguém no seu canto

Por noites chorava baixinho
Com medo que alguém escutasse
Mas como? Se era sozinho
E gigante chorar? Que disparate

Foi quando chegou de mansinho
Naquele tão vasto lugar
Um menino pe-quenininho
Que não parava de chorar

De fato, de tão pequenino
Cabia-lhe na palma da mão
Mas tinha algo grande, o menino
Que tocava fundo o coração

E o gigante, de triste e sozinho
Passou a feliz e brincalhão
Ainda chorava baixinho
Mas de alegria e emoção

Toda noite, com a voz embargada
E as lágrimas teimando em da fronte cair
Cantava cantigas de contos de fada
O peito doia só de vê-lo dormir

E assim, "fôra" feliz o gigante
Com o belo menino que veio ao lugar
Fez-se então um acordo, que dali em diante
Nunca iriam na vida, jamais, se separar

Ao acordar, de manhã, deste sonho divino
E olhar-te no berço, ver-te respirar
Confesso, não sei se eras tu o menino
Ou, se de tão forte, és o gigante a chorar!


Wilson Cleto de Medeiros Filho

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

MATEMÁTICA NO AMOR


MATEMÁTICA DO AMOR


SUBTRAIR O QUE DIMINUI,
SOMAR APENAS O QUE MULTIPLIQUE,
DIMINUIR AS DIVISÕES,
EXPONENCIAR O TOTAL.

AUMENTAR O PRODUTO,
CALCULANDO POUCO,
DENOMINAR MENOS,
EM UM RESULTADO MAIOR.

EXCLUIR O QUE FOI NEGATIVO,
POSITIVAR AS AÇÕES.
NADA SERÁ NEUTRO
E O RESTANTE NÃO FICARÁ IGUAL.

BUSCAR O PERÍODO.
SEM RAIZ, SEM DÍZIMA.
MAS COM RAZÃO,
MEU NUMERAL SERÁ INFINITO.

PROCURAR O PAR,
DEIXANDO TUDO O QUE FOR BRUTO,
NUMA OPERAÇÃO ÍMPAR,
SEM PREJUÍZO NO FINAL.

SENDO DIFERENTE,
MENOR SERÁ A CONTA,
E COM O NUMERADOR SÓ UM,
DEIXAREI O PROBLEMA NO ZERO.

Gustavo Xavier

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Especialistas alertam para cuidados com fumaças de fogueiras e fogos de artifício


Data: 27 junho 2012 - Hora: 19:15 - Por: Portal JH
O mês de junho é de festa e alegria, mas também de muita fumaça causada por fogueiras e fogos de artifício. É preciso, portanto, muita cautela para evitar as doenças respiratórias, principalmente com as crianças e idosos que possuem maior fragilidade a desenvolver infecções nas vias aéreas.
O pediatra Wilson Cleto de Medeiros afirma que o principal cuidado é evitar o contato com a fumaça. Segundo ele, esta é realmente a época do ano que mais aumenta a incidência de pacientes com problemas respiratórios. “Para quem já tem algum tipo de predisposição alérgica como asma ou bronquite, o contato com fumaça é ainda mais perigoso. Portanto, a melhor forma de agir é manter distância de fumaças e fogos de artifício”, explica o pediatra.
Também diretor geral do Hospital Infantil Maria Alice Fernandes, Wilson Cleto de Medeiros diz que as orientações para os pais devem ser ficar atentos aos sintomas de tosse seca e aumentar a ingestão de líquidos das crianças.
O otorrinolaringologista Pedro Guilherme Cavalcanti reforça que manter distância da fumaça é a melhor solução. “Quem já tem histórico de doenças nas vias aéreas deve evitar ao máximo se aproximar de fogueiras. Se já quiser prevenir algum tipo de agravamento, pode procurar o médico para que seja utilizada alguma substância que amenize o problema”, informa o especialista, acrescentando que outro cuidado básico e simples indicado pode ser o uso de máscara.
Mesmo aquelas pessoas que não possuem problemas respiratórios pré-existentes também devem ficar atentas aos cuidados básicos. “O contato com a fumaça, principalmente se a exposição for longa, pode irritar a região do nariz e causar doenças como faringite, rinite e sinusite”, lembra o otorrinolaringologista.
Pedro Guilherme Cavalcanti alerta também para o caso de crianças e idosos. “Estas faixas etárias são sempre as mais pré-dispostas a desenvolver estes problemas, uma vez que possuem sistema imunológico mais frágil”, conclui o médico.

domingo, 10 de junho de 2012

O TEMPO DE HOJE E O TEMPO DE ONTEM



Mudança de tempo, de clima, sempre existiu. Chuva, seca, frio, enchente, estiagem braba. Já estou acostumado. Mas nos tempos de hoje, nos assuntos românticos, as coisas mudaram e eu ainda não me acostumei.

Mandar flores pra mulher, agora só em velório. Saber poesia virou coisa de viado e conhecer História nem pensar. Ligar pro telefone todo dia, que era atitude atenciosa, hoje é pegajosidade. Se conhecer hoje e ligar amanhã, já era. Telefone não se pede, o contato é pelo face (no máximo, um “o seu é TIM?”). Chamar pra jantar, babaquice, coisa de gordinho. Cinema tem que ser comédia romântica, nacional, sem legenda ou qualquer besteirol 3D. Ficar juntinho em dia de chuva é morgação.

Mulher que não bebe virou chata, quem sabe até frígida. Tomar todas é curtição, gritar em público é engraçado e logo vira uma resenha. O mal-educado agora é um cara expansivo e se for bonito, carismático. Roupa de puta é moda, vestido é coisa de véia, tatuagem item obrigatório. Beber cana, tequila, na boca da garrafa, negócio de mulher. Passar chifre é democrático, isso nem se discute mais.

Decorar refrão do Aviões é de quem entende de música e cantarolar Cartola soa depressão. Som alto em bar pequeno, sinal de canto bombado e lugar de qualidade, restaurante que vai fechar logo. Fila grande em frente de boate (que agora é imitação de pub) virou chamativo, e encontrar mesa é uma missão impossível. Garçom se conhece pelo nome e a paquera, nem se lembra do rosto. 

Se você for inteligente não conta mais ponto. Se seu carro tiver muitos cavalos, sim. E se você for um cavalo mesmo, melhor ainda. Rapariga agora é uma coitadinha que sofreu abuso na infância, e bandido virou partidão. 

Antes, mulher queria abraço, depois beijo, depois sarro, depois quem sabe mais sarro, e depois sexo. Hoje a mulher quer Tchu, quer Tcha, e depois Tchau.

No meu tempo, que não é tão distante, o primeiro ficar era o primeiro dia do namoro. Hoje é o único. Namoro era pra casar, pra depois ter filhos, pra depois separar, se acontecesse uma coisa muito séria. Atualmente, namoro é uma coisa muito séria, só se tiver filhos, e então quem sabe, pensar em casar. No fim das contas, o casal é unânime: “Você não vale nada, mas eu gosto de você”.


Gustavo Xavier é Psiquiatra e gosta de tempo chuvoso.