terça-feira, 14 de agosto de 2012

Este caos também é seu... Por Edilson Pinto Junior

Este caos também é seu...
“Fica decretado que agora vale a verdade.
Agora vale a vida, e de mãos dadas,
Marcharemos todos pela vida verdadeira”
(Estatuto do homem – Thiago de Mello)

Ontem. Dia dos pais. E que presente foi dado a um deles... Um ex-aluno meu, colega de especialidade cirúrgica e também professor de ofício de medicina, Dr. Irami Araújo, saiu de casa, operado de um de dente, e foi dar plantão na versão atual e moderna do INFERNO DE DANTE: o Hospital Clóvis Sarinho (HCS).
Hoje. Dia 13 de agosto de 2012. São 16:00h. Acabo de receber um e-mail dele cujo relato, caro leitor, faço questão de colocá-lo na íntegra:
Houve vários atendimentos de pacientes gravíssimos, que necessitaram de intubação orotraqueal ou cricotiroidostomia; metade das intubações foram realizadas às cegas ou quase, pois estávamos sem aspirador funcionando e sendo feitas no chão, devido a falta de macas altas; Oito/nove ambulâncias do SAMU retidas no pátio, sem condições de saírem, macas presas; e chegando mais; Só havia tubos traqueais 7 ou 9 Fr, ou seja, ou ficava muito frouxo ou muito apertado, dificultand o a intubação dos pacientes graves e a ventilação a posteriori; Não havia dreno de tórax, acreditem, dreno de tórax. Lastimável!!!! Devido ao esforço em intubar pacientes no chão, eis que começo a sangrar pela cirurgia dentária, então literalmente, senti o gosto de sangue, já que o odor do mesmo e de outros excrementos humanos já habitavam meu olfato, desde o início do plantão; Corredores lotados, aliás, não havia mais corredores, eram depósitos de pessoas, os chamados na atualidade de clientes do SUS, pela tão propagada política de humanização da saúde; Com certeza, não eram mais nem clientes ou pacientes, naquela situação, assumiam papel de qualquer ‘coisa’, menos de pessoas que necessitavam de cuidados; Nós, profissionais de saúde, também qualquer ‘coisa’ que vocês queiram imaginar, já estávamos perdendo a batalha, por falta de munição; Dreno de tórax??? Era o de menos... E assim fomos até o raiar do dia, gosto de sangue na boca, cansado, desiludido, sem esperança, abandonado, todos nós, eu, meus colegas e os pacientes... ou qualquer ‘coisa’ que os senhores queiram  denominar”.
Meu Deus! Pensei comigo mesmo, após ler este email: “A sabedoria eclesiástica continua com a sua terrível verdade: NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL!”. E o que é pior, fica a sensação de que teremos que absolver Hitler, já que ele foi muito menos cruel. Ele pelo menos tinha uma “desculpa”: purificar a humanidade... E qual será a nossa desculpa para mantermos este estado vergonhoso, que diminui, que apequena, que agride, que destrói e que mutila a dignidade da pessoa humana? Até quando manteremos viva a nossa porção Auschwitz-Birkenau? Até quando?
Meu Deus! Será que é tão difícil resolver esta situação? Será que é tão difícil resolver toda essa bagunça criminosa que foi feita ao longo de anos e anos na saúde deste estado? Quantas pessoas terão que morrer a mais, quantos profissionais da saúde terão que adoecer, para a gente pensar em mover-nos da nossa zona de conforto e dizer: BASTA!
Eu sei, caro leitor, que é triste ter que concordar com a célebre frase de Henry Ford: “A guerra dá lucro. Para os banqueiros internacionais, instigar guerras e enviar jovens para a morte é o melhor de todos os negócios”.  No entanto, é mais triste ainda ter que concordar com a lucidez do meu ex-aluno, médico regulador do SAMU Natal, Dr. Carlos Eduardo: “Professor, sabe quando esse caos na saúde do estado vai ser resolvido? Nunca! Pois ele dá dinheiro, professor. O caos dá dinheiro!”.
Não sei se foi a médica Zilda Arns que disse: corte o orçamento pela metade e tenha boas ideias. Mas, o que sei é que se fizéssemos isso - cortar o orçamento pela metade-, pelo menos resolveríamos grande parte de toda essa calamidade. Primeiro, acabaríamos os escândalos na saúde, pois sem dinheiro sobrando não haveria gatos, nem ratos... Depois, bastaria utilizarmos a lei de Pareto, que diz: “80% das consequências advém de 20% das causas”. E aí 20% das causas se chamam PRIORIDADES: uma central de regulação única de leitos de todo estado, organizando o fluxo dos pacientes; três unidades hospitalares de média complexidade abastecidas e distribuídas no interior do estado para servirem de anteparo ao HCS; valorização dos funcionários que querem trabalhar e demissão dos que não querem... Isso, só isso, já resolveria e muito todo esse caos.
Pois bem, caro leitor! Diferentemente de Nelson Rodrigues que afirmava que em Brasília, éramos todos inocentes e éramos todos cúmplices; neste caos da saúde do RN, só há culpados e só há cúmplices. Dos governadores anteriores ao atual, dos gestores da saúde anteriores ao atual, toda a população, inclusive eu e você, caro leitor, somos TODOS CULPADOS por isso, afinal O ESTADO SOMOS NÓS... e cabe a todos nós, pelo menos fazermos um pacto da mediocridade coletiva: enquanto este caos perdurar, ninguém tem o direito de rir no RN, pois vamos rir de que: da nossa própria miséria, da nossa própria incompetência, do nosso próprio descaso?...
Por último, vale a torcida para que a teoria de Allan Kardec esteja completamente errada, pois se tiver reencarnação, caro leitor, estamos fritos, literalmente fritos e que Deus tenha piedade de todos nós!
Francisco Edilson Leite Pinto Junior – Professor, médico e escritor (estou Coordenador Geral do SAMU Natal).


domingo, 12 de agosto de 2012

Hoje, Sonhei Diferente! - por Wilson Cleto Filho


Hoje sonhei diferente
Um sonho danado de lindo
Com luas, nuvens e ventos
Um gigante e um belo menino

Sonhava que em muito distante
Após o seu próprio acalanto
Dormia sozinho, o gigante
Não tinha ninguém no seu canto

Por noites chorava baixinho
Com medo que alguém escutasse
Mas como? Se era sozinho
E gigante chorar? Que disparate

Foi quando chegou de mansinho
Naquele tão vasto lugar
Um menino pe-quenininho
Que não parava de chorar

De fato, de tão pequenino
Cabia-lhe na palma da mão
Mas tinha algo grande, o menino
Que tocava fundo o coração

E o gigante, de triste e sozinho
Passou a feliz e brincalhão
Ainda chorava baixinho
Mas de alegria e emoção

Toda noite, com a voz embargada
E as lágrimas teimando em da fronte cair
Cantava cantigas de contos de fada
O peito doia só de vê-lo dormir

E assim, "fôra" feliz o gigante
Com o belo menino que veio ao lugar
Fez-se então um acordo, que dali em diante
Nunca iriam na vida, jamais, se separar

Ao acordar, de manhã, deste sonho divino
E olhar-te no berço, ver-te respirar
Confesso, não sei se eras tu o menino
Ou, se de tão forte, és o gigante a chorar!


Wilson Cleto de Medeiros Filho

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

MATEMÁTICA NO AMOR


MATEMÁTICA DO AMOR


SUBTRAIR O QUE DIMINUI,
SOMAR APENAS O QUE MULTIPLIQUE,
DIMINUIR AS DIVISÕES,
EXPONENCIAR O TOTAL.

AUMENTAR O PRODUTO,
CALCULANDO POUCO,
DENOMINAR MENOS,
EM UM RESULTADO MAIOR.

EXCLUIR O QUE FOI NEGATIVO,
POSITIVAR AS AÇÕES.
NADA SERÁ NEUTRO
E O RESTANTE NÃO FICARÁ IGUAL.

BUSCAR O PERÍODO.
SEM RAIZ, SEM DÍZIMA.
MAS COM RAZÃO,
MEU NUMERAL SERÁ INFINITO.

PROCURAR O PAR,
DEIXANDO TUDO O QUE FOR BRUTO,
NUMA OPERAÇÃO ÍMPAR,
SEM PREJUÍZO NO FINAL.

SENDO DIFERENTE,
MENOR SERÁ A CONTA,
E COM O NUMERADOR SÓ UM,
DEIXAREI O PROBLEMA NO ZERO.

Gustavo Xavier