terça-feira, 29 de dezembro de 2009

PSICRÔNICAS

Estimados, envio uma das minhas PSICRÔNICAS, que escrevo regularmente para o pessoal da Psiquiatria.
ATESTO PARA OS DEVIDOS FINS...
Cheguei à conclusão que cerca de 25% do tempo dos meus atendimentos é destinado ao preenchimento de papéis e prescrições, além claro, das anotações médicas no prontuário. Gasto uma caneta a cada 10 dias. Deve ser por isso que os laboratórios as têm como brindes.
Inicio esta tarefa, normalmente no fim da consulta, com as prescrições médicas. Já não bastasse o número elevado de medicações que os pacientes com transtornos mentais tomam, os psicotrópicos são prescritos em receituários diferenciados, como todo mundo sabe, tendo que colocar o endereço também. A SMS de Natal ainda ajuda a aumentar o tempo, com o seu receituário pra quem sofre de micrografia. Possui 3 linhas com espaço de meio centímetro entre elas, o que leva ao preenchimento de mais receituários para prescrever tudo.
Quando o paciente faz uso de medicação de alto custo, aí a coisa se prolonga. Agora é necessário preencher o quadro clínico, colocar CPF, endereço, assinar e carimbar algumas vezes e depois disto tudo (pasmem!) uma receita da medicação...
E quando as receitas voltam? pois “a moça da farmácia não entendeu se o haldol é de 5 ou de 6 mg...”. Haldol de 6mg aonde?
Em alguns casos somam-se os pedidos de exames, os encaminhamentos com a ficha de referência (e nunca receber a contra-referência), etc.
Depois dedico-me a outros trabalhos como declarações, atestados, solicitação de seguro e similares. Nesse momento recebo várias recomendações:
__Tem que ser um “laudo bom” doutor, com o código e os remédios.
Sem falar nas deformações que este sofreu com o tempo... Atestado de fila, atestado do banco, atestado do leite, atestado do futebol (sim, este existe, trata-se de uma carteira de entrada livre nos estádios). Um dia destes, apareceu um “atestado do Tutubarão”. Calma. Tranqüilize-se. É uma escola de natação para reabilitação... Pelo menos é o que dizia o papel.
Tudo bem, tudo bem. Em prol do paciente, espero que seja sempre útil.
Espere. Sempre no final surge o famigerado atestado da STTU. Ah! Não poderia ter faltado. Este sabe-se lá quem inventou. Na lei, consta que é de obrigação de uma junta. Mas com tanta burocracia, já estou me sentindo como se fosse uma.
No final, marco o retorno no cartão do paciente e na agenda do ambulatório.
Ufa! Mas ainda tem que restar um tempinho para anotar a produtividade, até que entre o próximo paciente...

OS MISERÁVEIS

Mais um artigo do professor Edilson...

Os miseráveis


Não sei se quem defende que a medicina seja um sacerdócio, são os mesmos que aceitam que se paguem cachês de mais de 200 mil reais, aos que têm o dom do sagrado... Porém, o que sei mesmo é que não se faz mais sacerdotes como antigamente.

E bote antigamente nisso! Ta lá no fabuloso livro de Victor Hugo, “Os miseráveis”, que em 1815, o senhor Charles Myriel era bispo de Digne. E esse bispo era digno mesmo: não possuía bem algum; trocou a sua residência, de quartos suntuosos e amplos, para viver nas instalações acanhadas do edifício do hospital; dividia o seu salário de 15 mil francos, entre os necessitados, a ponto de ficar com apenas 1000 francos para as suas despesas pessoais... O fato é que “somas consideráveis passavam em suas mãos, sem que lhe acrescentasse o menor supérfluo ao que lhe era necessário...”.

Pois bem, o senhor Myriel era não só um sacerdote, mas um sábio também. Veja o que ele, certa vez, disse em uma de suas pregações: “Pecar nunca é o sonho do anjo. Tudo que é terrestre está sujeito ao pecado. O pecado é uma gravitação... errem, caiam, pequem, mas sejam justos”. E justiça seja feita, a Prefeita de Natal - voando como uma borboleta, gravitando pelos céus, se esquecendo que o mundo não se limita apenas à beleza de suas asas... – pecou.

Pecar, segundo o filósofo Jean-Yves Leloup, “é errar o alvo”. E a Prefeita errou feio neste natal de Natal. Errou o alvo, e por isso pecou, ao gastar milhares e milhões de reais na iluminação natalina, na realização de mega-shows, etc. etc. quando o foco, o alvo, deveria ter sido outro. Eu sei a importância do “pão e circo” para a população... Mas sei também da importância do que alertou o bispo Myriel: “Coloquem pobres, famílias, velhas senhoras e criancinhas dentro dessas habitações, e verão a febre e as doenças!”.

E a Prefeita, deslumbrada com as suas asas, esquecendo a calamidade da gripe suína batendo em nossas portas, preferiu aderir à ilusão da comédia que a realidade da tragédia. E é trágica, acanhada e pífia a política de saúde do nosso município: postos sucateados, faltando médicos, faltando vigilantes, faltando medicamentos; enfermeiras sendo “obrigadas” a assumirem o papel de médicos (pense que vai ser interessante agora, tê-las do nosso lado respondendo judicialmente por deslizes profissionais. Afinal, sofrimento que se sofre junto, se torna menos sofrível...), entre outros absurdos...

Tudo bem, eu sei que a sabedoria Eclesiástica nos diz: “Nada de novo debaixo do sol”, mas não foi para isso que a “lepidóptera” Prefeita foi eleita... Milan Kundera afirmava que “quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira”. Portanto, a prefeita precisa completar o seu ciclo biológico com urgência: quem sabe voltando a ser lagarta de novo, com os pés bem plantados no solo passe a enxergar melhor os problemas de Natal (só cuidado para não cair, nos diversos buracos da nossa cidade!).

Termino, lembrando-o, caro leitor: se pecar – Ai meu Deus, haja sacerdote para tanto pecado! -, é errar o alvo, estaríamos pecando em colocar toda a culpa só nas asas da Prefeita. Claro que somos também culpados. Não foi à toa que o magnífico Nelson Rodrigues, um dia, se lamentou: “Em Brasília somos todos inocentes e somos todos cúmplices...”. E a nossa cumplicidade, em aceitarmos políticas desastrosas em nossas cidades, tem que ter um fim. Basta de pagar tantos impostos (o IPTU de Natal aumentou, pra que?)! Basta de continuarmos ignorantes e omissos! Afinal, o bispo Myriel, aquele mesmo pobre de Jó, já gritava: “Vergonha é fica r toda a vida ignorante... aos ignorantes, ensinem o máximo de coisas que puderem; a sociedade é culpada por não ministrar a instrução gratuita; ela é responsável pelas trevas que produz. Uma alma cheia de sombras é onde o pecado acontece. A culpa não é de quem pecou, mas de quem fez a sombra”...

Francisco Edilson Leite Pinto Junior
Professor, médico e escritor

domingo, 27 de dezembro de 2009

RETORNO À BARRA DE MAXARANGUAPE

Pessoal, como a primeira pescaria foi bem animada, resolvemos voltar hoje, pois ninguém é de ferro.
Sem rodeios.

Pescaria com muito mais ação em relação à do Natal (vide post Barra de Maxaranguape 24/12/09), maré secando, tempo um pouco nublado.
Estávamos testando umas iscas Rapala Subwalker (estilo "walk the dog"). Várias ações na superfície, no local onde há uma corredeira.

Rosildo e um Robalinho flecha



Eu e um Pevinha



Tive algumas ações de robalos e um tucunaré grandinho, porém todos escaparam sem eu entender o porquê!
Depois tentamos outro local (aquele onde eu levei a queda) e tive outro ataque de Tucunaré, porém escapou novamente!!!???
Passamos para um outro local que não havíamos explorado na pescaria anterior. Uma árvore caída sinalizava um bom pesqueiro de Tucunarés. No primeiro arremesso, um SUPER ataque, segundos de briga e a fuga no primeiro salto. Fiquei P da vida quando percebi a razão...

Garatéia aberta! Provavelmente com o tucunaré no primeiro ponto de pesca (era grande mesmo).


Enquanto trocava a garatéia por esta acima, Rosildo engatou um Tucuna "mais ou menos".



Terminada a pescaria, voltamos para casa, pois eu ainda tinha que passar visita no hospital.

Em tempo: apesar de ser domingo, não vimos redes, tarrafeiros ou mergulhadores. Alguns moradores pescavam com varinhas de mão. Acredito que dá para preservar este rio, se nos mobilizarmos um pouco.
Grande abraço

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

PESCARIA 24/12/2009 - NATAL

Pessoal, acabei de chegar de uma pescaria de improviso com o amigo Rosildo, em Maxaranguape.
Estava terminando de passar a visita nos pacientes e falei a Rosildo minha decepção ao me dar conta de que tinha deixado a carretilha na casa de Katiúscio que encontrava-se em Currais Novos.
Rosildo falou que isso não era problema. Me emprestou uma e fomos para Barra de Maxaranguape, distante 42Km de Natal.
Se valeu a pena????

Ao chegar, enquanto eu colocava a isca na linha, escutei um estouro na água e lá estava Rosildo engatado no 1º robalo do dia, pego numa popper.




Tivemos outros ataques nas iscas de superfície (nenhum em iscas de meia-água), porém nenhum saiu da água. Decidimos então, explorar mais um pouco do rio e subimos até um local extremamente bonito, porém de acesso difícil e sofri uma queda "fela da mãe", ficando com lama até o meio da coxa esquerda.
Se valeu a pena????

Primeiro arremesso e um ataque na minha popper amarelinha, pertinho do meu pé. Segundo arremesso e PLAFT!!!! Tucunaré engatado.







Terceiro arremesso e... outro ataque de tucunaré. TODOS EM ISCAS DE SUPERFÍCIE!!!




Após isso, a isca de Rosildo engatou na outra margem e ele teve que entrar na água para resgatá-la, acabando com o pesqueiro.
Terminamos a pescaria por volta das 16:00, com a certeza de que o rio é extremamente promissor.
Deveremos voltar lá amanhã (ninguém é de ferro...)

Agora, preciso sair para comprar uma bucha de banho antes que Larissa chegue, pois acho que acabei com a daqui de casa (lembram da queda? A lama gruda que não tem quem tire).

FELIZ NATAL A TODOS QUE COMPARTILHAM DO BLOG DO CCRM
PS: todos os peixes foram soltos.

PESQUE, FOTOGRAFE E SOLTE

A MINHA DOENÇA


Se for pra ficar doente, quero sofrer da doença que imaginei.
Nela, o comprometimento seria da memória, de causa desconhecida, mas diferente das outras demências, só perderia as lembranças ruins.
Assim mesmo! Todas as experiências ruins, trágicas, dolorosas, seriam apagadas da minha mente, porém com um detalhe de que a maturidade permaneceria.
Com o tempo, a doença ficaria crônica, em breve perderia a lembrança de mágoas antigas, de desafetos criados, de decepções afetivas. No estágio mais avançado, as mais simples rusgas da vida seriam excluídas das minhas vivências.
Como efeito adicional, sobraria espaço pras lembranças boas. Agora, as amizades, os amores, as paixões preencheriam toda a minha mente, expandido as sensações de liberdade, bem estar e alegria. Sem depressão.
Na minha doença, o curso sempre pioraria. Cada vez mais crônica, e sem uma cura prevista pela Medicina, estaria fadado a nunca mais melhorar.
Andaria pelas ruas sem evitar os inimigos, sorriria pras pessoas más e não reclamaria dos mentirosos. Não precisaria perdoar, pois as injustiças não mais me atingiriam.
Por fim, encararia a morte como uma reação natural, esperada, sem atropelos. Nem lembraria da dor, do sofrimento, enfim simplesmente apagaria do mundo.
De forma caprichosa, ela ainda seria infecciosa e contaminaria a todos que vivessem ao meu lado. Sem pânico.

Mas talvez... Mas provavelmente... Procurariam uma cura pra ela. Insistentemente, o Homem buscaria dominá-la, entendê-la, e tratá-la da forma mais agressiva, suponho. Não poder viver assim, seria o argumento corriqueiro.
Os primeiros exames seriam invasivos, desgastantes, mas obrigatórios pra saber a causa (que nunca seria descoberta). O tratamento, arrasador. Aos poucos, as marcas do passado fariam novamente me preocupar. Ressentimentos, atritos, pesares, voltariam a ocupar espaço.
Detestando a terapêutica, tentaria abandonar, mas sem êxito. Todos estariam atentos para que eu melhorasse e voltasse a desconfiar dos parentes e pessoas traiçoeiras, aquelas que antes da doença, eu abominava com o mais profundo ódio.
No tempo mais ligeiro, surgiria a vacina. Deste modo ninguém mais teria o perigo de contraí-la.
Com os efeitos colaterais da medicação, não poderia mais sair de casa, com todas as lembranças ruins voltando de repente. Restaria sofrer com todas aquelas imagens. Minha mente vivaz e límpida andaria pelo escuro e então com toda assistência, partiria deste mundo com a alma presa e pesada. Lembrando de tudo.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

CURA INDESEJADA

Pessoal, posto abaixo, na íntegra, artigo do Prof. Edilson Pinto, bem apropriado para a época do Natal.

A cura indesejada

“Que não seja imortal, posto que é chama,
Mas que seja infinito enquanto dure”
(Vinícius de Morais)

Penso que São Paulo se equivocou ao dizer que o amor tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Não é bem assim. Afinal, o amor, como alertava Drummond, é bicho instruído. Portanto, ele pode pular o muro, subir na árvore em tempo de se estrepar: “Pronto, o amor se estrepou. Daqui estou vendo o sangue que escore do corpo andrógino. Essa ferida, meu bem, às vezes não sara nunca/ às vezes sara amanhã”.

E o danado é que às vezes sara mesmo. Mas, e o amor é doença para sarar? Claro que é. Se não fosse, Camões não teria dito: “Amor é fogo que arde sem se ver, É ferida que dói, e não se sente”.

Padre Antônio Vieira (duvido que alguém escreva melhor do que ele) também considerava o amor uma doença - que deveria ser incurável, mas, infelizmente, tem cura. E quais são os remédios do amor, segundo Padre Vieira? São apenas quatro, mas com um poder de curar extremamente potente...

O primeiro remédio é o tempo. Por isso que Cupido, deus do amor, é pintado como criança, pois “não há amor tão robusto que chegue a ser velho”. O passar das horas faz com que as flechas de Cupido percam a potência; que o amor que é cego passe a enxergar; que suas asas cresçam e ele voe para bem longe... o tempo gasta o ferro com o uso, diz Vieira, que dirá o amor! “O tempo tira a novidade das coisas, descobre-lhes os defeitos, enfastia-lhes o gosto...”.

O segundo remédio, para curar o amor, é a ausência. Ora, se com a proximidade as flechas de Cupido correm o risco de não nos atingirem, que dirá com a distância... “A ausência tem os efeitos da morte: aparta, e depois esfria... tudo esquecido, tudo frieza”. E o fogo que arde sem se ver, com a distância, vira um deserto polar.

O terceiro remédio é ainda muito mais poderoso do que os dois anteriores. O seu poder de ação é quase instantâneo: a ingratidão é mortal para o amor. “Se o tempo tira do amor a novidade, a ausência tira-lhe a comunicação, a ingratidão tira-lhe o motivo”. E o danado é que só os amigos são ingratos. Era por isso que Nelson Rodrigues dizia que “só os inimigos são fiéis”, já que estes nunca serão ingratos e nem nos trairão. Não foi a toa que Cristo se queixava de que semeando grandes benefícios nos corações dos homens, se colhia maiores ingratidões...

Por fim, se o amor foi capaz de resistir até aqui - embora duvido que exista amor que consiga vencer: o tempo, a ausência e a ingratidão-, chegou a vez do mais eficaz de todos os remédios, o que até hoje, ninguém deixou de sarar: o melhorar de objeto, que nada mais é do que conseguir um outro amor. “Dizem que um amor com um outro se paga”, alerta Vieira, “mas o certo é que um amor com um outro se apaga”... as estrelas conseguem brilhar nas trevas, no entanto, numa luz ainda maior que é o Sol, elas desaparecem, deixam de brilhar...

Infelizmente, o mundo está se curando do amor. Hoje, os relacionamentos são pelos celulares e internet, ou seja, ausentes e distantes. E com o passar do tempo serão tão frios que as terminações nervosas, que os unem, ficarão anestesiadas, e “o amor que não é intenso”, adverte Vieira, “não é amor”... Triste humanidade que não consegue debelar um vírus de uma gripe suína, mas que é extremamente “competente” para destruir o vírus do amor...


Francisco Edilson Leite Pinto Junior
Professor, médico e escritor

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Pescaria - Açude do Castanhão - Nova Jaguaribara / CE

Algumas fotos da última aventura de pesca do ano!!!

Açude do Castanhão, as 5h da manhã


Alguns arremessos e o primeiro Tucunaré do dia


Mais um pouco e... Opa! Tinha Piranha lá!!!


Um dublê de Tucuninhas (o cara com pinta de terrorista é Paçoquinha)


Retorno após 12h de pescaria. Terminado o primeiro dia, fomos dormir e nos preparar para o dia seguinte...


Aniversário de Matheus


Quem foi gostou!!!

Com direito a Show de Manuela Dac... Fantástico!