segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Torrada com mel para curar ressaca, afirmam cientistas


O segredo para combater a ressaca pode estar numa combinação inofensiva: torradas com mel. Cientistas afirmam que a receita é rica em potássio e sódio e por isso ajuda a acabar com a ressaca. - A felicidade vem do álcool, a ressaca vem do acetaldeído (ou etanal), que é uma substância tóxica na qual o álcool é convertido pelo organismo e que causa dores de cabeça, náusea e até vômito - explica John Emsley, da Sociedade Real de Química. - A ressaca desaparece à medida que o acetaldeído vai sendo convertido em substâncias menos tóxicas.

A frutose do mel, segundo os cientistas, ajuda nesse processo de desintoxicação. Para os mais cuidadosos há ainda maneiras de prevenir a ressaca, como tomar um copo de leite antes da bebedeira: - O leite diminui a absorção do álcool, o que significa que o corpo terá que lidar com menos quantidade de acetaldeído de uma só vez - explica Emsley. - O álcool aumenta a desidratação, o que faz com que a ressaca seja ainda pior. Uma dica é alternar a ingestão de álcool com refrigerantes e, quando chegar em casa da festa, beber um copo de água antes de dormir.

Agência O Globo

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

CARTOLA VAI AO PSIQUIATRA

– Olá Cartola, como andas? E o morro da Mangueira?
– Alvorada, lá no morro, que beleza.
– E na sua casa, está tudo bem?
– Habitada por gente simples e tão pobre, que só tem o sol que a todos cobre.
– Eu entendo. Mas agora você está bem melhor, sem aquela tristeza.
– Acontece que meu coração ficou frio.
– O que faltava?
– Alegria, era o que faltava em mim.
– Em algum momento, você teve algum sintoma mais grave?
– Tive, sim.
– Qual?
– Queixo-me as rosas, mas que bobagem, as rosas não falam.
Nesse momento, olha para seu inseparável violão: “Só você violão compreende porque, perdi
toda alegria”, sussurrou.
O jovem psiquiatra faz uma pausa de reflexão. Quis mudar o diagnóstico, mas achou precipitado.
– E hoje? Como se sente?
– Bate outra vez, com esperanças o meu coração.
– Isso! Vejo você mais animado.
– A sorrir, eu pretendo levar a vida.
– Muito bem. Mas eu queria te falar uma coisa. Amanhã, não atenderei mais neste ambulatório. A coordenação resolveu fechar, devido à política de saúde mental.
– Tudo isso não passa de pura hipocrisia.
– É verdade.
– Não sabe o rumo que irás tomar.
– Não, não faço a menor idéia. Eu, que tanto defendo os pacientes.
– Mal começaste a conhecer a vida.
– Tive tantos projetos, para beneficiar todos, um atendimento melhor, acolhedor...
– Vai reduzir as ilusões a pó.
– Tens razão. O mundo tá difícil.
– O mundo é um moinho.

Dr. Gustavo Xavier é psiquiatra e ainda não viu a mocidade perdida.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Artigo Prof. Edilson Pinto

O óbvio que ignoramos
“Nada é mais nocivo do que enxergar com os olhos”
Edilson Pinto


Diferentemente do poeta Manoel de Barros que, certa vez, escreveu: “gosto de ver o que não aparece...”, eu, talvez, muito mais pretensioso, gostaria de ver mesmo é o que aparece. Sim, caro leitor, não tenha dúvida de que a coisa mais difícil é ver o que está na nossa frente. Duvida? Então, leia o conto “A carta roubada”, do fantástico escritor Edgar Allan Poe: Um documento extremamente comprometedor foi roubado dos aposentos reais. Todos sabem que foi o Ministro D. quem roubou. E todos sabem que ele escondeu em seus aposentos num quarto do hotel onde morava. Todas as noites a polícia entrava e vasculhava todos os recantos e nunca encontravam a bendita carta. Chegaram até a examinar o edifício inteiro, quarto por quarto, todos os móveis dos aposentos, e nada. A carta nunca era enc ontrada. Após dezoito meses, o Sr. Dupin sabendo da história, e interessado na recompensa de cinco mil francos, entrou nos aposentos do Ministro, e em segundos encontrou um vistoso porta-cartas e estava exatamente lá, onde deveria está, a carta com o selo real.
Portanto, é isto mesmo, caro leitor: “nada é mais oculto do que o visível”. Por isso, tem razão Saint-Exupéry ao nos lembrar de que os olhos são cegos. Só enxergamos mesmo com o coração: “O essencial é invisível aos olhos”.
A nossa profissão há muito se encontra cega - e diferentemente da justiça que cega os seus olhos, para ver se consegue enxergar melhor a verdade-, a medicina cegou, não os seus olhos, mas sim, o seu coração... e este pequeno detalhe, está fazendo toda a diferença e sendo responsável por toda a nossa miséria.
Se hoje, somos mal remunerados, trabalhando em condições desumanas, enfrentando uma enxurrada de processos na justiça civil e nos próprios Conselhos Regionais de Medicina (CRM’S), sem termos uma lei ainda que regulamente a profissão médica, etc. etc. tudo isso, é culpa única e exclusivamente nossa. Nós não nos respeitamos! Parece tão óbvio isto, que chega a ser até cômico, se não fosse trágica, a constatação deste pequeno detalhe: somos os únicos e verdadeiramente culpados pela nossa própria miséria!
 Ora, veja só caro leitor, quantas e quantas vezes, não culpamos os nossos “digníssimos” representantes políticos por não valorizarem a saúde, por nos remunerarem de forma aviltante e não nos darem condições dignas de trabalho? Sempre! A culpa é sempre deles. Esquecemos de que inúmeras vezes esses cargos máximos do poder público são ocupados por médicos: a bancada da medicina, no poder legislativo, sempre teve número suficiente para poder defender a dignidade da nossa profissão... e o que vemos é exatamente o contrário: médico não gosta de médico.  
Chego a rir quando nos chamam de corporativista. Disse em 2003, num artigo, que nenhuma classe é mais desunida do que a nossa e o preço que pagamos por isso – pela desunião (muitas vezes, chegamos atrasados ou nem chegamos ao plantão, deixando o nosso colega tocando o serviço sozinho...) - é estarmos sempre e sempre no fundo do poço... o que deveria ser um exército de amantes e amados, como preconizava Fedro, no seu discurso no “Banquete de Plantão”, transformou-se - pela nossa cegueira miocárdica- em um exército de desunidos. Estão aí as pesquisas feitas, em vários CRM’S, mostrando que sempre por trás de uma denúncia contra um médico, há um outro “médico” instigando o paciente..
Mudemos agora, caro leitor, o nosso olhar para outro lado: o que é que quer um médico se submetendo a humilhação de fazer parte de um plano de saúde? Quem ganha com esta relação de promiscuidade entre os planos de saúde e os médicos? Essa resposta é muito fácil, por isso eu mesmo vou responder: só não somos nós! Perdemos a nossa autonomia; agora, somos escolhidos por constarmos num catálogo de convênio. A relação, que era próxima, pessoal e amiga, transformou-se em distante, impessoal e hostil. Ficamos a mercê, não mais apenas do Código de Ética Médica, mas sim do código de defesa do consumidor. Até o PROCON quer determinar, agora, o número de atendimentos médicos como também o tempo de retorno e espera dos pacientes, nos nossos consultórios. Nós não nos respeitamos! E o PROCON tem conhecimento disto...
Veja este triste relato do escritor Rubem Alves: “O médico de antigamente era um herói romântico, vestido de branco. As jovens donzelas e as mulheres casadas suspiravam ao vê-lo passar... ele era um cavaleiro solitário que lutava contra a morte. Quem jamais ousaria pensar qualquer coisa de mal contra o médico? Hoje são comuns os processos por erros médicos por imperícia. Ser médico transformou-se num risco. Porque ninguém mais acredita na sua santidade... um dia fui ouvir uma palestra do Diretor do hospital da cidade de Princeton, nos EUA. Ele começou sua preleção com esta afirmação: ‘O hospital de Princeton é uma empresa que vende serviços’. Meu Deus! Eu pensei: ‘aquele médico não exist e mais’. E percebi que, agora, os médicos se encontram lado a lado com prestadores de serviço, os encanadores, os eletricistas, os vendedores de seguros, os agentes funerários, os motoristas de táxi. É só procurar na lista de classificados. A presença mágica já não existe. O médico é um profissional como os outros. Perdeu sua aura sagrada. E me veio, então, uma definição do médico compatível com a definição do diretor de Princeton: ‘um médico é uma unidade biopsicológica móvel, portadora de conhecimentos especializados, e que vende serviços’... acho que os médicos, hoje, são infelizes por causa disto: eles resolveram ser médicos por desejarem ser belos como o cavaleiro solitário, puros como o santo, e admirados como o feiticeiro. Era isso que estava dentro deles, ao tomarem a decisão de estudar medicina. E é isso que continua a viver na sua alma, como saudade... os médicos sofrem por saudade d e uma imagem que não existe mais”.
Caro leitor, parece tão obvio que mudar tudo isso só depende de nós, que fica difícil, talvez, de enxergarmos. Tenho certeza de que se nos uníssemos; se buscássemos o caminho da ética; se procurássemos crescer sem tentar destruir o outro... conseguiríamos, sem dúvida, resgatar esse médico de antigamente. A verdade é que nós somos o único obstáculo a ser vencido, na busca de resgatar a dignidade da nossa profissão.
Conta uma Lenda que, certo dia, um ardil estudante querendo colocar o seu mestre em apuros, bolou um plano: tomaria nas mãos um passarinho e quando o mestre estivesse a ensinar os outros discípulos, ele formularia a seguinte pergunta: “Mestre, esse pássaro que tenho aqui atrás, está vivo ou morto?”. Se o mestre dissesse que estava vivo, ele o esmagaria com as mãos e mostraria o corpo do pobre pássaro; se dissesse que estava morto, ele o deixaria voar livremente. Qualquer resposta, colocaria o mestre em apuros. No entanto, quando a pergunta foi feita ao mestre, na sua simplicidade, respondeu: “o destino desse pássaro, meu amigo, está em suas mãos!”.
Pois bem, caro leitor, é assim, como o mestre, que eu termino: O destino de mudar os tristes caminhos da medicina só depende de nós! Única e exclusivamente de nós!
Francisco Edilson Leite Pinto Junior
Professor, médico, escritor e conselheiro do CREMERN (edilsonpinto@uol.com.br)

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ARTIGO - Wilson Filho

“COMPROMETIDO E MOTIVADO”

                                                                              “- O que quer dizer cativar?
                                                                               - É uma coisa muito esquecida, disse a
                                                                               raposa. Significa criar laços...”
                                                                                   (Saint Exupéry – O Pequeno Príncipe)


          Tenho, desde o ano passado, atuado como diretor médico de um certo hospital pediátrico do nosso estado e nesta função, obrigo-me por vezes, a entrar em certas discussões seja com colegas médicos, seja com pessoas da própria Secretaria de Saúde (SESAP) e é interessante perceber como, pouco tempo depois de assumirmos um emprego como funcionários públicos, já utilizamos o mesmo palavreado das repartições, o “burocratês”.

          São termos e expressões como: “o Secretário está sinalizando...”, “Vivemos um momento...”, “Precisamos elencar os atores...”, “Celeridade” (este é ótimo, porque nunca tem o significado real do verbete). E duas destas palavras aparecem em qualquer embate quando se trata de recursos humanos: comprometido e motivado. “É assim que queremos nossos funcionários”, falam os gestores de qualquer nível do serviço público. Acontece que nos editais dos concursos públicos, não está expressa esta exigência, de forma que os aprovados têm todo o direito de não o serem!

          Partindo deste ponto, percebi que compete a nós, gestores, tornar nossos comandados comprometidos com o setor saúde e motivados a trabalhar e lutar pela valorização da classe, pela reorganização dos hospitais e dos demais serviços de atenção. Marcamos a primeira reunião com a equipe médica do PS e... Cinco pessoas, incluindo este que escreve e o coordenador do pronto-socorro. Bom, transformamos então a reunião em uma sala de conversas sobre o hospital e passou-se a elencar (olha o burocratês ai) os principais obstáculos percebidos pela equipe como causa de tamanha falta de comprometimento. De fato, torna-se muito difícil exigir do funcionário que se trabalhe em um modelo de serviço público que permite escalas incompletas, falta de material e de medicamentos básicos, e ausência total de programas de capacitação do servidor.

          Mais. Ao se retirar os médicos dos postos de saúde para formar as equipes de Estratégia de Saúde da Família, nossa política pública fechou as “portas de entrada” do SUS deixando apenas uma aberta, os serviços de urgência e emergência. Estes chamados pronto-socorros que funcionam 24h por dia, equipados ou não, são muitas vezes a única certeza de “consolo médico” para o usuário e passaram a atender, além das urgências propriamente ditas, casos sociais e pacientes que se desgarraram da atenção primária e especializada, resultando em superlotação. Agora, some-se a todos os obstáculos já apresentados, o nível de estresse ao qual nossos médicos estão expostos nos hospitais ditos de urgência e emergência.

          Como seres humanos, providos de grande inteligência e com uma capacidade de adaptação absurda, conseguimos produzir em qualquer situação que nos forneça mínimas condições de trabalho. Conseguimos ainda, inovar, se nos for dado o mínimo acima das condições mínimas, porém o que nos tem sido ofertado em termos de saúde pública está abaixo das piores expectativas, do mais desmotivado entre os desmotivados, do menos comprometido entre os não-comprometidos.
Wilson Cleto de Medeiros Filho
(Medico, Pediatra – comprometido, sempre; motivado, ainda)

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

ARTIGO - Wilson Filho

LUCAS DO QUÊ???
          Lucas do Rio Verde, pequena cidade situada no Médio-Norte do estado do Mato Grosso, distante 350 quilômetros da capital. Quente pra danado! Longe pra danado! População em 2009: 33.556 habitantes.

          Temos um colega lá, Bina-Haã-Med (nome “quase” fictício). Anestesiologista, salário razoável; encontrava-se empregado em São Paulo e foi aventurar-se no interior do Mato Grosso. Por quê? Bina não é fazendeiro, morou a vida toda em Natal, não tem família a quem visita frequentemente no interior, de forma que não tem, para nós potiguares, o perfil pessoal do médico que esperava-se migrar para a chamada “medicina de interior de estado”.

          O fato, caro leitor, é que nem todas as cidades do interior são iguais. Aliás, os municípios e os estados são diferentes; principalmente quando o referencial é o Rio Grande do Norte ou algum outro estado do Nordeste do Brasil. Curioso? Basta visitar o site do município em http://www.lucasdorioverde.mt.gov.br/ e comparar com os de alguns do Rio Grande do Norte como Caicó (http://www.prefeituradecaico.com.br/) ou Currais Novos (http://www.curraisnovos.rn.gov.br). As nossas informações são apenas político-geográficas, além de promover a imagem da gestão atual em fotos e eventos, sem qualquer serviço para o cidadão comum; enquanto o primeiro apresenta vários serviços on-line, como alvará digital, certidão negativa, carnê de IPTU. Ainda, se persistirmos pesquisando nossas páginas na rede mundial, encontraremos uma semelhança absurda, pois quase todos os sites estão em um mesmo formato, como se fora um destes Blogs gratuitos. É difícil exercer a medicina em locais onde se contrata estudantes ao invés de médicos, onde a maternidade municipal funciona para qualquer coisa que não seja parto, onde os salários são pagos na própria casa do Sr Prefeito, em mãos, em cash.

          Trata-se do “saber administrar” (ou querê-lo). Trata-se ainda, de uma questão histórico-cultural, das políticas de assentamento/colonização e extrativismo as quais cada região deste imenso pais foi submetida. Certa feita, discuti com um grande amigo que afirmava que o nosso estado teria tido o mesmo avanço que os estados do Sul e Sudeste, caso recebesse as mesmas entradas financeiras que São Paulo, por exemplo. Talvez! Talvez estivéssemos melhores do que estamos hoje, mas avançar como o Sudeste??? Infelizmente o conceito de progresso por aqui é diferente.

          O sucesso de nosso colega em Lucas do Rio Verde é certo. Resta-nos torcer para que os gestores potiguares possam se espelhar nos bons exemplos Brasil afora para que haja, no interior do estado do Rio Grande do Norte, melhores condições para a prática da medicina e do “viver” como um todo.

Wilson Cleto de Medeiros Filho
(Medico, Pediatra, em Natal)

terça-feira, 14 de setembro de 2010

ARTIGO - WILSON FILHO

Terceirizaram as Mães!


Segunda-feira, 21:00, celular tocando...
- Alô, Dr. João (nome fictício)? Aqui é a mãe do Paulinho (nome também fictício, mas que vem sempre no diminutivo). É que nós passamos em consulta com o senhor sexta-feira, lembra? O Paulinho estava com febre.
- Ah, lembro sim! Trata-se de uma gripe, não é mesmo?
- Iiiisso, Doutor!      Então...    A febre baixou, porém a tosse seca persiste à noite.
- Olha senhora, se não me engano, foi explicado ao acompanhante, que a tosse provavelmente persistiria mais tempo. Receitei, inclusive, medicação para aliviar os sintomas... (interrompido)
- PUTZ! Mas isso a babá não me falou!!!
DR JOÃO DESLIGA O TELEFONE

            Tônica. As crianças não vêm mais acompanhadas de seus pais às consultas com o Pediatra, seja na puericultura ou por intercorrências. É uma variedade infinda de parentesco e afinidade, chegando ao cúmulo da frase: “Não, não! Ele é filho da minha vizinha; é que eu falei que ia trazer o meu...”. Tenho adotado a seguinte classificação no item “informante” de minha anamnese: (a) mãe/pai, (b) avós, (c) babás, (d) tios e... (e) outros.
Tudo bem; dou o braço a torcer. Algumas babás são melhores em relatar os sintomas de seus “pseudofilhos” do que as próprias mães que, nos dias atuais, dedicam-se cada vez mais ao trabalho, atividades culturais, salões de beleza, liquidações, saldões de balanço, não necessariamente nesta ordem.
Há, entretanto, uma situação interessante que se dá quando estes pacientes vêm ao Pediatra acompanhados por pessoas que não têm qualquer contato com o dia-a-dia da criança, como vizinhos e amigos (dos pais, claro). A entrevista médica foi acrescida de uma ferramenta tecnológica incrível – o telefone celular. Gasta-se muito mais tempo aguardando o acompanhante perguntar à mãe da criança sobre sintomas, medicações em uso, horários, doses, se há outras pessoas doentes na família etc.
E não para por ai! Após o exame físico, chega a hora de explicar o diagnóstico e passar as orientações e receitas. Neste momento, sugiro de cara, solicitar o telefone e falar diretamente para a mãe ou o pai da criança, tomando o cuidado de gravar a conversação para evitar situação semelhante à descrita no início deste artigo.
Em tempos de comércio em alta e concorrência acirrada, é esperado em breve um novo plano das operadoras de telefonia móvel para este público que cresce a cada dia.
Provavelmente, chamar-se-á TIMPed, ClaroKids, OiDr...
Como diria um estimado amigo do C.C.R.M.: “O que é a tecnologia...”

Wilson Cleto de Medeiros Filho
Pediatra (somente consultas presenciais)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Novo artigo do Prof. Edilson Pinto - com permissão.

E daí?!
“A vida é muito curta para ser pequena”
(Benjamim Disraeli)


            É sempre a mesma história. Basta a Mega-Sena acumular para que os telefonemas não parem de tocar: “Edilson, já fez a sua fezinha?”. E a resposta não poderia ser diferente: “Claro que não. Já viu um raio cair duas vezes no mesmo lugar?! Minha ‘Mega-Sena’, eu tirei em 1994... Portanto, duvido que ganhe novamente”.
Pois é caro leitor, só conheço uma pessoa que ganha na Mega-Sena todos os dias, desde 1994, faça chuva ou faça sol: Viviane, minha esposa. Pense numa mulher de sorte. Pensou? Multiplique por mil e eleve a décima quinta potência, aí você terá o resultado de apenas 0,1% da sorte de Viviane. Dizem que quem tem sorte nasce com “aquilo” virado para a lua, então, acredito que Viviane nasceu mesmo toda virada para a lua. Pois, não acredito que exista mulher mais sortuda do que ela.
Mas, a verdade é que nós dois temos sorte – ela muito mais do que eu, é claro... e muito dessa sorte vem do fato de termos um filho maravilhoso. Lucas é uma criança bela, tanto por fora (é a cara do pai), como por dentro. Não é à toa que o considero como o meu sensor anti-vaidade.
O ano era 2005. Estávamos nós três, em Recife. Eu e Viviane brindávamos a defesa de minha tese de doutorado em cirurgia, pela UFPE. Aí Lucas me saiu com essa: “O que vocês estão brindando?”; “Meu filho, seu pai é agora um Doutor de fato!”, respondi cheio de empáfia. Ele olhou-me com espanto e disse: “E daí ser um Doutor?! Você nem sabe falar japonês...”. As palavras de Lucas penetraram, como uma lâmina fria de um bisturi, cortando a catarata de minha alma, que teimava em me manter cego.
Por favor, caro leitor, não me condene. Entenda que como professor de uma instituição de ensino superior, não poderia ter tido um comportamento diferente, afinal, não é lá mesmo, nas universidades, que encontramos as maiores vaidades de vaidades?
Se você acha que o meu caso é único, veja o que aconteceu com o professor João Batista Pinheiro Cabral, quando lecionava na UnB. Certo dia, chegando ao Departamento de história, encontra em todas as portas as mais diversas placas de identificação: “Professor fulano de tal - PHD pela Harvard University; Professor beltrano - Doutor pela University Paris-Sorbonne, etc. etc.” Cada um que colocasse uma titulação maior. Então, o estimado conterrâneo nosso, para não ficar atrás, - já que ele tinha pós-doutorado-, resolveu também fazer a sua placa: “João Batista Pinheiro Cabral – A-L-F-A-B-E-T-I-Z-A-D-O”...
Pois é, meu caro leitor, as universidades estão cheias de “doutores”, mas que são completamente analfabetos para a vida (E o danado é que o MEC considera este aspecto – número de doutores – como o fator mais importante para pontuar uma escola de ensino superior, como excelente ou péssima. Ainda bem que Cristo - e nem Deus-, quiseram ser pesquisadores do CNPq, pois seriam reprovados: o primeiro por nunca ter escrito nada em revista Qualis A - parece nome de margarina, não é mesmo?; O segundo, por só ter uma publicação, a bíblia, e o MEC quer que o professor publique e muito, todos os anos. Coitado do Cervantes se fosse professor da Universidade Brasileira, teria que publicar um “Dom Quixote”, a cada dois anos...).
“Doutores”, preocupados com provas, notas, chamadas, etc. etc., mas, esquecem o que ensinava o magnífico Paulo Freire: “Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua construção... Quem ensina, aprende ao ensinar e quem aprende, ensina ao aprender”.
Portanto, ser professor é antes de tudo ser humilde - (Cristo, o mestre dos mestres, andou de jegue) – que não quer dizer subserviente-, mas sim, alguém capaz de aprender a aprender. “Quem se contamina com o vírus da auto-suficiência diminui a sua produção intelectual. Quem se embriaga com o orgulho está condenado a infantilidade emocional”.
Os romanos tanto sabiam disso - que o orgulho, a vaidade, a soberba eram sentimento extremamente danosos para os homens-, que quando um general retornava de uma dura batalha, com uma retumbante vitória, ele deixava o seu exército fora da cidade de Roma, subia numa biga (carro de combate com dois cavalos) e, dirigindo-se ao Senado, a cada quinhentas jardas, um escravo lhe soprava no ouvido: “lembra-te que és mortal!”... “lembra-te que és mortal!”...
Então é isso, caro leitor: mesmo com doutorado - e falando até japonês-, o homem nunca deixará de ser um cadáver adiado, como lembrava Fernando Pessoa.
Sorte minha – e mais ainda de Viviane -, ter o meu Lucas, para me ensinar que o buraco é mais em baixo.
Francisco Edilson Leite Pinto Junior
Professor, médico e escritor

domingo, 5 de setembro de 2010

Neuroses do Astral - A coluna do D'Jou - 3ª Postagem

P.S. (não é de “post scriptum”, é pré mesmo!): Isto é “For adults only”. Inclui mentes…

Caros componentes do Clube dos Cavaleiros da Rosa Mística (se bem que nem é mais mística porque todos nós, talvez até uns não, já conhecemos seus mistérios... eu que o diga...)
Raiva...não, não, às vezes é fúria mesmo.
Issé quéum caralho, mermão!!
Certo dia, um de vocês ninjas me disse que o artista só compõe/escreve quando está ou puto, ou triste. Tenho que discordar em parte. Quando estou feliz também me sinto inspirado, embora reconheça que exista uma certa melancolia e romantismo nas minhas “obras”. Acho que talvez seja inerente ao ato de compor.
Mas hoje não tô a fim de compor. Tô é puto mesmo. E vou escrever em coloquial para vos fazer entender a entonação da coisa toda.
A frase aí em cima pra quem não entendeu significa: Isso é que é um caralho, meu irmão!, em forma “fonemática” (palavra inventada) para dar mais ênfase. Dá vontade de bater em alguém...Não sei nem por onde começar.
Vejamos: Via livre em Natal...Que beleza. É um conjunto de coisas que o nosso querido departamento de trânsito anda fazendo por nós. Para resolver o problema do tráfego na cidade, a novidade é a via livre. Uhhhuuu. Que lindoooo!! Agora não temos mais onde estacionar, que já era difícil, e não vi até agora nenhuma diferença na velocidade da merda do trânsito. Ganha um doce quem me disser porque...Ora, do que é que adianta tirar os carros dos canteiros se em cada 100 metros de pista tem a porra de um sinal?! Ou uma “fiscalização” eletrônica”?!! Ou gente andando a vinte?!! A cidade tá cheia de avisos de limite de velocidade. Caralho...a cidade não anda!!! Os carros não andam!!! 50km/h na Bernardo Vieira? E para quê aquela reforma toda, que por sinal não adiantou de nada porque os putos dos ônibus agora têm uma pista própria MAS CONTINUAM A ANDAR NA PISTA DA GENTE, FILHOS DAS....Caralh....puta que....arhg aghr agha (já tô até engasgando). E isso se não tiver os puto das bicicleta no meio da rua, porque aí a pista é deles e só passa um carro por vez, a não ser que você atropele o f... Caralho....Me sinto como se tivesse isolado em uma prisão de segurança máxima onde em cada canto tem um guarda ou um sinal ou uma sinalização qualquer. O engraçado é que ainda tem lugares que precisam de sinais e não tem, como o trevo ali quase em frente a minha rua na Romualdo Galvão, em que ninguém sabe de quem é a preferencial e aí parece uma porta giratória de banco em que ninguém entra ou sai.
Sem falar na indústria da multa. Porque vocês acham que tem um guarda em cada esquina? Cê acha que é para “orientar” o cidadão? Um ...ralho mermão (não dá nem tempo de escrever direito de raiva). Qual o motivo nesse pé no freio todo? Será que todo mundo anda batendo por aí? E o pior é que tá mesmo, porque basta chover cinco minutos para você presenciar uma batida em quase toda esquina...meu amigo, o que acontece com esses fresco que não sabem dirigir na chuva bicho? Choveu, é trânsito parado na certa. Tanto porque os imbecis que não sabem dirigir andam a vinte com o menor sinal de garoa, quanto porque outros imbecis que acham que são “os foda” inventam de correr quando tá toró. Sacam a ironia?...PQP bicho. É imoral, mermão... Isso é que é um caralho!!
Não sei quem é mais culpado. O DETRAN ou os ninjas. Vê só as bolas de neve. Os caras inventam a via livre (tem rua que nem precisa desta merda!), com isso a gente fica rodando feito fresco atrás de uma vaga pra estacionar (quem vai pro PAPI é um c...), e aí o trânsito não anda, mas os caras não constroem estacionamentos, aí você se emputece pensando nisso, e aí tem uns que querem passar por cima dos outros porque estão com pressa, e aí bate. Pára o trânsito. Chega um amarelinho Raiovac daqueles e bloqueia todas as passagens para fazer o B.O. e se sentir o máximo.... pára o trânsito. Reforma da Bernardo Vieira para melhorar o engarrafamento. Sinais de 50km/h em toda a via (as cabeça pensante....). Pára o trânsito. Mais carros sendo vendidos por causa da melhoria do nível econômico e facilidades de crédito? Sem nenhuma política reguladora? Ótimo!! Mais carros nas ruas, mais trânsito, educação em falta, mais sinais para orientar os motoristas cada vez piores, mais caos. Pára o trânsito. Sacam só a neurose?...
E os motoristas? Em soma daquilo que falei lá em cima da chuva, os cara só querem andar à esquerda e ainda ficam com raiva se você faz sinal pra passar! É melhor andar na direita aqui... E nem falei daqueles bestas que ficam vendo acidentes dos outros e parando o trânsito. E também não falei nem dos taxistas e motociclistas que ficam se esgueirando por entre os carros e levando retrovisores ou arranhando pinturas. Você ainda tem que dar espaço para eles passarem com medo do prejuízo, e os caras ainda acham ruim, achando que por entre os carros é uma “mão”. “Tava aqui na minha mão”. Cheios de atitude. Filhos das...argh...aragh...(E não vou nem começar com as mulheres...). É foda bicho! É muito foda...

Falar de política então, nem pensar. Seria tema para 200 páginas de arisia. Não vou nem dizer meu voto. Tem uns doido que vota nuns, uns que votam noutros...É tudo uma bosta bicho. Isso é qué um caralho!!! Alguém por favor me explique o motivo de ter tanto ninja nas propagandas eleitorais, bicho... Tem um que usa um chapéu de cangaceiro, tem outro que diz que vai colocar internet banda larga em todas as casas e escola do estado (!!), tem um que toca musiquinha...sem falar nos nomes dos caras. Alguém por favor! É para fazer volume é? É pra fazer rir só para ver se a gente engole melhor a propaganda eleitoral diária? Ou é porque acham que todo mundo é burro? Só pode ser alguma jogada política, porque não dá para acreditar que alguém se submeta a tanto ridículo. Bando de malas. É de dar desgosto cara... Como é que pode o Presidente do País fazer campanha eleitoral para um candidato assim, a céu aberto...Não teria que ser imparcial? Não é proibido? Ah, topei...

Outro tema espinhoso...saúde! Mas não tô a fim não....todo mundo aqui é médico e sabe onde a pedra incomoda, ou o calo estoura, ou a cueca arrebenta e o pau entra....(exceto negão e Guilherme que são ricos...). Além do quê, não tô aqui para escrever sobre clichês e falar coisas que já foram ditas por outras pessoas. Aquelas mesmas reclamações do governo, etc. Sou djou, sou original... Quero falar é daquela raiva que às vezes domina você desde o momento em que você acorda. As pequenas coisas. Não das coisas sérias. E sim, do cotidiano. Por exemplo, se fosse para falar de algo a ver com saúde, seria daquele dia de sexta feira à tarde, no consultório, 17:30h, em que você olha a listagem no computador das pacientes que ainda faltam ser atendidas, sabendo que o horário das mesmas chegarem é só até às 17h (começando as 13:30h); faz uma programação de quanto tempo ainda falta  para você pegar o beco baseado no tempo mais ou menos de cada consulta; só tem umas duas sobrando e você sempre passa do seu horário...já são seis e dez...aí chega uma donzela perdida às seis e quinze da noite....que legal. Até aí é só aquela raivinha besta. A fúria vem quando você escuta “ah doutor, é porque se venho cedo tenho que esperar; prefiro vir no final do horário porque num instante sou atendida e sei que o senhor fica até mais tarde...”...Argh..c...ralho..bus...(sim, porque médico sempre se fode, e as pacientes sempre ligam em horário de almoço “porque é mais fácil falar com o senhor esta hora” ...coitado de um pediatra....). E as bisonhas que ligam às dez horas da noite dizendo: “doutor, o senhor tá no hospital?” como se fosse a casa da gente...
E nem falei das “pedintes”: a atendente que pede para a gente ver “um peixe” (sempre no final do horário), outra que diz: “minha irmã pode entrar também?” e tome-lhe pergunta de graça. A outra: “Doutor, me liga, me liga...num já tá na cesárea mesmo? Faz a caridade...”. Bem amigos da rede não globo, infelizmente fica cada vez mais difícil fazer caridade em nossa profissão... E não se iludam porque não tem nada a ver com humanismo. Mas isso é tema para outro Neuroses. Estou inclusive em Sampa assistindo a um simpósio sobre isso onde o cara foi aplaudido de pé no tema: honorários médicos e relação médico-paciente. Mas deixa para lá... Não se esqueçam que eu não me esqueço que isso é o fruto do nosso trabalho e que devemos agradecer a Deus por tais e todas as nossas pacientes. É por isso que eu digo...”esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com  a realidade é pura coincidência”...ou fantasia...
Que mais?...vamo lá, vamo lá, abrindo o note e escrevendo a primeira coisa na cabeça, vamo lá ... Ah! Lembrei .... Mulher e casamento .... Hummm ... não, não, vou levar um tiro ... talvez em outra postagem (mesmo porque na minha cabeça é coisa para dez páginas no mínimo).
E Natal heim? NOSSA!! Superestimada? Em alguns aspectos diria que não. Merece o que falam. Mas em outros, precisa de uma melhor análise... Vejamos...
Prestação de serviços, existe? Claro que sim. UMA BOSTA, mas está lá...Isso é que é um caralho, mermão!! Os supermercados não têm fruta que preste (a não ser que você se contente só com maracujá, limão e melancia...). Mas deve ser um negócio bom, porque toda esquina tem um... Quer um moranguinho? Só se for na Alexandrino de Alencar. Tem direito até a um cuspezinho do vendedor para dar uma limpada nos bicho...Ei, porque você acha que a água de coco de copo vendido na rua é docinha, docinha? Porque temos cocos de boa qualidade, né? Inocente...é tudo adoçante seus ninja!
Nossos excelentes condomínios fechados e imponentes edifícios...que maravilha...OS OLHOS DA CARA (ou do cú, já que vale mais para alguns....não vou citar nomes...)!! O novo empreendimento que vai sair onde era o Hotel Tirol vai ser a bagatela de 4000R$ o metro quadrado bicho....e o apartamento maior é de 86m2. Tu tá de sacanagem? Isso é que é um caralho, mermão!! E ainda querem que a copa venha para cá? Desenvolvimento? Onde? Numa cidade ovo que nem essa? Vai ser somente fachada para aumentar os preços de tudo...Por acaso, teu salário vai aumentar quando kaká fizer um gol? Um cacete, mermão...! “Ah, vou andar de metrô”. Bela bosta!! Não, nosso turismo é de ponta...pois enfie essa ponta do seu lado avesso do corpo meu amigo. É de ponta para turista. Não sou turista, moro aqui. Bando de iludidos...
Gasolina cara a quase três reais, sendo o poço de petróleo bem aqui na minha fuça?! Besteira, afinal temos um aeroporto internacional....QUE NÃO TEM NENHUMA PLACA INDICANDO O CAMINHO EM INGLLÊÊÊSSSSSSSSSSSSSS, CARALHOOOOOOOOO! Ah, mas tá tão lindo o domingo...vamos para a praia...só temos que ter cuidado para não tropeçar em gays, putas ou gringos atrás de putas (e achar um pedaçinho de praia mais tranqüilo, isso se não estiver interditada com muita merda n’água!). Revitalização da orla ... tu tá de sacanagem né, bicho...! Mas o domingo ainda não acabou! Tem as maravilhosas tardes para a gente tentar aproveitar...eh....ou no famigerado “parque” das Dunas ou....ou....ah, desculpe; esqueci que não tem mais parque na cidade..... Mas tem nosso querido Shopping de todos os dias e a nossa querida, eleita a melhor da cidade pela quarta vez consecutiva, Sorveteria Tropical!!!!! Eba!!! Porra, o sorvete é bom mas não é de outro mundo, pelo amor de Deus! E qualquer dia eu desço o pau naquele veio abusado filho da....!! A merda é porque num tem nem com o que comparar...
Atração para criança então, não preciso falar né? Game station e afins, casa da vó....é foda bicho, é muito foda...
E se você é solteiro, o que existe em banda de lata é forró de boteco em cada esquina (da periferia, claro...). Até aí tudo bem para arranjar umas gata para com.....oopss! Foi mal. Mas nem tudo se resume a sexo fácil (ai, que falta me faz....oopsss, foi mal de novo...).
Aqui nada mais é do que uma cidade do interior mascarada por ser capital. Bons restaurante e hotéis? Sim, mas não vou passar o resto da minha vida comendo e me hospedando!!! Isso é lá programa? “Ei, vamos sair hoje à noite? O que você quer comer?” ah pelo amor de Jesus Fio! Isso é atração para turista, não para mim...Cadê o teatro? A cultura? Vocês acham que a dramaturgia de palco se resume somente a Cinderelas travestidas e Monólogos de alguma coisa??
E a pirataria? Engolindo tudo... Vocês que não se ligam em cinema e cultura podem achar normal, muitos até tem vários filmes piratas em casa. Mas, ei, quase não existe mais locadoras em Natal, meu amigo... A maior locadora, que era a 100% vídeo, fechou as portas e colocou o motivo pregado no vidro: PIRATARIA. Você acha besteira? É absurdo cara! Até o cinema do Praia Shopping fechou... Você não tem mais como assistir a filmes diversos. Tem que submeter-se aos caras que não tem a menor responsabilidade pelo que “vendem” e ainda são abusados. E você leva a porra de um filme de qualidade ruim, muitas vezes manipulado para ser só dublado por exemplo, e não vai nem trocar porque “é barato demais”. Me digam onde existem locadoras na cidade. Até a Orange que tinha bar e futebol fechou....Isso é sério. A polícia? Tema para outro Neuroses. Um deles me respondeu certa vez...”fazer o quê se é disso que eles vivem?” Coitadinhos...só se for de nós!!
Para concluir, só me resta de legal mesmo é o ar puro e a tranquilidade...mesmo que muitas vezes só aparente, e se você bobear e andar pelos lugares errados em horas erradas, dança! Lógico que tem as vantagens, não vamos ser pessimistas, mas não tô a fim...só de esculhambar mermo...
ISSO É QUE É UM CARALHO, MEU IRMÃO!!

Um breve resumo de um dia comum...
5h – triimm, triimmm. O telefone toca. Não é despertador não. É tua paciente perguntando se você está no hospital... “não filha, tô em casa porque moro aqui, sabe....”. Não consegue mais dormir e fica bolando. Finalmente você levanta...toma um banho gelado porque seu chuveiro elétrico pifou com 01mês de uso. Você chamou a “assistência autorizada” em Natal e descobre que é uma loja peba do Alecrim “que mexe com isso” e com várias outras coisas também... .
6h e 30 – Coloca suas roupas compradas COM O MAIS ALTO CUSTO POSSÍVEL PARA NATAL em uma das suas diversas lojas superfaturadas, como se estivéssemos em plena Daslu. Toma café da manhã....sem fruta que preste...pão comprado há 05minutos (porque se passar disso já era, não é pão é pedra), queijo  da manteiga “da terra” ou “de Caicó” (somente com alguma maizenazinha..) e suco DE fruta, não DA fruta (qual eu ainda não sei...).
07h e 15 – Sai com o seu carro, importado lógico, porque você não quer ser somente gente, você quer ser “o foda”, e compra um importado porque todo imbecil da cidade tem um (e ainda querem fazer rodízio, numa cidade ovo feito essa...é brincadeira..). Não importa se você tem carro 2.0, amigo! Aqui nesta bosta de trânsito a 50km/h você só vai é gastar gasolina e acabar seu motorzinho. SEM FALAR QUE JÁ É CARO PARA CARALHO A GASOLINAAAAAAAA!!!!!! Argh....asp...gut....(eu engasgando de novo). As concessionárias agradecem, são ótimas para vender, só faltam até fazer bola gato. Depois o cara pede para um funcionário dar uma voltinha no carro pra avaliar um problema depois que compra, e recebe um: “não temos funcionário disponível”. Depois de 01h parado no trânsito (se você mora em Nova Parnamirim ou arredores até os “super-bem-concentrados-em-um-canto-só” hospitais), você descobre que foi somente uma batida e que ainda tinha duas mãos de pista para rodagem, mas é porque os “donos da rua” queriam gozar de curiosidade para saber se morreu alguém.
08:15h – Você chega ao seu consultório, já tem umas quatro esperando para “fazer um encaixe”. Você reconhece o marido de uma paciente que você laqueou por cortesia depois de muita choradeira, e descobre que era aquele eletricista que cobrava 50 paus POR CADA PONTO DE LUZ mexidos em sua casa. Se emputece. Começa a atender numa dessas clínicas filiadas a plano de saúde básico, e tem que cumprir uma meta de 5 atendimentos e um retorno por hora(!) para poder receber em torno de 40 reais a hora (!!). Tem um mundo de gente lá fora. Se emputece. Acaba já de 01 da tarde. Trânsito parado (hora do “rush”...aqui na enorme cidade do Natal. Piada). Não dá tempo de voltar lá para puta que pariu....resolve almoçar no Shopping. Quer ser escroto e comer só uma “salada”. Bom, alface e tomate aqui tem. O resto é só enrolação. Pede um “prato feito” num Bonaparte desses da vida, daqueles de cardápio bonitinho e percebe que está cada vez mais caro e cada vez menor a quantidade de comida. Se emputece...mas come. E tem imbecil que ainda paga 10%...
14h – volta ao trabalho, opera, atende, etc. Chega aquela paciente de última hora. Você se atrasa e perde o cinema que tinha combinado com a esposa desde o início da semana (e só recebeu, olhe lá, cinco reais por aquilo, fazendo os cálculos de custo).  Ela se emputece. Você diz: “ah, vamos pegar um teatro...” (Hã?!). No caminho você se toca...ah, estamos em Julho e só tem peça infantil....argh..gasp....gasp. Sou obrigado a dizer: quer cultura? Vai no Google!! É o jeito!!! Mas o que importa? Afinal temos os nossos belos e lindos restaurantes a 50contos um prato....caralho bicho....é f.....!!
À noite....o restante dela....Chegamos em casa (depois de gastar uns 100 paus no restaurante e descobrir que nem era tão bom assim...). “Vamos ver jornal, amor?”. As notícias: Lula isso, Dilma aquilo, num sei quem matou num sei quem num sei aonde...,alguém roubando (principalmente na política), um bloco só para falar de futebol e o que Kaká comeu final de semana.....E tome-lhe, tome~lhe, tome~lhe novela!! ISSO É QUE É UM CARALHO MERMÃO!!!
Mas tudo bem. Anestesiado, vou para a cama. Antes da meia noite alguém liga... “Dr., Estou com dor. Começou cedo pela manhã mas não quis INCOMODAR o senhor...”. Lá vou eu...até amanhecer de novo....
Mas tudo bem! O final de semana tá aí...Sábado dou um plantãozinho para complementar minha renda...Domingo chego em casa, ligo a televisão e o que encontro? ESPORTE ESPETACULAR!!!!! (Leia-se futebol, porque outro esporte não existe). Aí fica naqueles jogos merdas de futebol de areia, amistosos, tratados como o maior espetáculo da terra. É a política de pão e circo mais buseta que já vi. E sempre com o hino nacional todo mundo em silêncio para no final aparecer aquela vinheta da Globo: “brasilsilsilsil”. TODO DOMINGO BICHO....!!! É de fritar o cérebro cara.... E ainda tem atores de tudo quanto é lado comentando sobre os esportes em todo programa que passa, como se todo mundo tivesse interessado na opinião de um “não especialista” no assunto (vide a copa). Aliás, é uma superexposição de atores e personalidades o tempo todo, cara. É foda. É como minha diversão dependesse disso o tempo todo. Não agüento mais ver a cara da Ivete Sangalo, por exemplo. É propaganda de sandália, de cerveja, do diabo aquático!! Até quando você viaja de avião como para esquecer do mundo, lá está ela no filminho da TAM. PUTA QUE ME PARIU CARALHO!!! O CARA PASSAR TRÊS QUATRO HORAS NO AVIÃO, VENDO AQUELES FILMES DA TAM, AINDA MAIS COM IVETE SANGALO NOVAMENTE, É MASSIFICAÇÃO DEMAIS PARA MIIIIMMMMMMMMMMM!!!!!!!
E existe algo mais deprê do que final de domingo? Vamos falar do FANTÁSTICO...não, não...cansei....vá se fuder.... (nesse exato momento, meu notebook é fechado para evitar que eu o quebre de raiva...)
Neuroses do astral – é foda, mas é normal (e isso de repente nem é o que queremos ver em nosso email...)


P.S.: Alguém por acaso contou o número de palavrões nesta merda de postagem? E quem achar ruim que se f...!! É só olhar no dicionário que existe sempre uma definição para tais palavras, inclusive já incorporada à gramática. Serve para enfatizar uma emoção muitas vezes negativa, em uma determinada frase. Ou você acha que se alguém bater no seu carro você vai dizer: “que droga, que chato. Você é muito mal....”. Qué qué isso, meu irmão... ISSO É QUE É UM CARALHO!!!

sábado, 14 de agosto de 2010

ESCOLHA DE UM AMIGO

Voltei! Para o desespero de uns e deleite de outros, meus amigos. Mas vamos ao que interessa.
O programa Provocações da TV Cultura, está completando 10 anos, olhem só, o mesmo tempo de nossa formatura. Para homenagear a turma e ao mesmo tempo, o programa (toda sexta-feira ás 22 horas e apresentado pelo provocador Antônio Abujamra), coloco o link que fala de uma importante escolha nas nossas vidas: http://www.youtube.com/watch?v=Ts2wdVRmY9w

Pra se emocionar!

Grande abraço a todos!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Reativando o Blog - Carta ao mestre Ernani Rosado

Olá, pessoal!
A pedidos do amigo Soninho, estamos tentando manter o Blog do CCRM ativo.
Transcrevo artigo do Professor Edilson Pinto que recebi por e-mail.

Carta ao mestre Ernani Rosado
“...Ninguém respeita a constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação
Que país é esse?”
(Titãs)
Querido mestre Ernani,
Quanta saudade! Ah! Como eram boas àquelas horas de convívio, de aprendizado constante, não só de cirurgia, mas principalmente, de vida. Sim! Caro professor, aprendi muito com o senhor. Aprendi a não ficar calado diante dos absurdos dos homens; aprendi a defender os meus ideais, como se fosse a última coisa a fazer nesta vida... Imagino o quanto o senhor sente saudade da docência, afinal, o professor se liga a eternidade do aluno e a sua influência não cessa nunca. E como àquelas horas se eternizaram em minha mente. Tem razão Adélia Prado: “O que a memória amou, fica eterno”.
Mas, não vamos ter raiva do destino. Ele nem é tão cruel assim. Pois, se ele foi madrasta, ao tirá-lo da sala de aula, foi também mãe, ao poupá-lo de presenciar mais um capítulo nas Universidades Públicas do Brasil. Sabia professor, que o Governo Federal, no apagar das luzes, acenou com mais verbas para as universidades? Agora é o REHUF – Programa de Reestruturação dos Hospitais Universitários. Uma gorda quantia de milhões de reais será oferecida às Universidades Públicas. Até aí, tudo bem! Mas, existe um pequeno detalhe, esquecido por todos, inclusive pela nossa querida UFRN: nada! Nenhum centavo, um mísero vintém, será empregado em programas de qualidade de vida e de estímulo dos docentes e funcionários! Mais uma vez a nossa Universidade nos mostra que Chaplin estav a errado ao gritar por mais humanismo ao invés de fazer apologia às máquinas e as obras...
Como se não bastassem as obras realizadas, desde 1994, no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) - e sempre inacabadas -, agora, através dos quase 100 milhões do REHUF, vamos construir e destruir muito do que já foi feito. Não foi à toa que, certa vez, caro professor, fiz uma analogia das obras do HUOL, com o pano de Penélope: mulher de Ulisses, que para se manter longe dos seus pretendentes, de dia fazia uma manta, para a noite destruí-la. Só que agora, a destruição será mesmo a luz do dia. Vamos destruir muito do que já foi reformado e inaugurado, há poucos dias. Vamos destruir até o biotério e a cirurgia experimental do professor Aldo Medeiros: o lugar onde dei os meus primeiros pontos será transformado Deus sabe em que...
Toda essa farra do cimento e dos tijolos do HUOL, há 16 anos, não teria problema nenhum – mesmo sabendo que tudo isso é patrocinado com os nossos pesados impostos-, se fosse revertida em melhoria para a população. Mas o danado é que os números não mostram isso. Sete salas de cirurgias não conseguem funcionar tanto quanto deveriam e, por isso, em média, um doente leva cerca de cinco anos para operar a sua hérnia inguinal. É melhor nem falar dos cálculos das vesículas biliares, não é mesmo?... não são infundadas, portanto, às críticas ao HUOL e a sua participação pífia no SUS...
Caro professor, não seria mais lógico investir uma parte desse dinheiro no homem - estimulando os profissionais de saúde -, colocando, assim, para funcionar o que já foi construído e, hoje, é subutilizado? Eu sei que estamos na época da robótica, da cirurgia à distância, mas para o centro cirúrgico funcionar é preciso um exército unido, coeso e estimulado: do maqueiro ao médico. De que adianta, então, termos salas equipadas, com aparelhos de última geração, se o homem – o tão esquecido homem, esse ser desprezado, multiforme e cambiante-, não estiver lá para ligar estes aparelhos? Pra que tanta tecnologia - e obras -, se tudo isso não trouxer benefícios efetivos ao homem? Pra quê?!
Meu Deus, caro professor, por que foi que cegamos? Será que Saramago têm razão ao dizer que não cegamos, mas que estamos cegos: “Cegos que vêem; cegos que vendo não vêem”. Será, estimado mestre, que um dia, veremos o nosso bom e velho HUOL, de volta, entregue aos estudantes de medicina e não aos de arquitetura; entregue aos docentes e funcionários da saúde e não aos da engenharia civil? Será que um dia, voltaremos, no HUOL, a sentir o cheiro do éter, ao invés das tintas e colas?
Pois é, querido professor Ernani: quanta saudade! O escritor Rubem Alves ensina que a saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar: “A saudade é a dor que se sente quando se percebe a distância que existe entre o sonho e a realidade. Mais do que isto: é compreender que a felicidade só voltará quando a realidade for transformada pelo sonho, quando o sonho se transformar em realidade”.
Querido mestre, preciso acreditar que o sonho não acabou! Preciso acreditar que esta realidade, tacanha e cega, não continuará para sempre a nos atormentar. Que esta realidade, cruel e mesquinha, não terá a última palavra. Preciso acreditar que a estupidez humana não será eterna...
Um forte e carinhoso abraço!
Do seu eterno discípulo,
Francisco Edilson Leite Pinto Junior – Professor, médico e escritor

sábado, 24 de abril de 2010

OUTRAS FESTAS...

Pessoal, encontrei algumas fotos das festas de comemoração dos 10 ANOS DA TURMA e dos 5 ANOS DE FORMADOS, às quais compareceram uma pequena parte dos componentes.
Esperamos que a dos 10 ANOS DE FORMADOS tenha um "quorum" maior!!!

Abraços e até lá!

10 ANOS DA TURMA
MONTE VERDE/MG - 07/09/2004



05 ANOS DE FORMADOS
JUQUEHY/SP - 17/09/2005

 

terça-feira, 20 de abril de 2010

NOVA PROPOSTA DE LOCAL P/ A FESTA!

Pessoal, as fotos acima são do NANNAI BEACH RESORT em Muro Alto e é mais uma opção para o local da festa da turma.
Dêem uma olhada no site http://www.nannai.com.br/

Abraços

quinta-feira, 15 de abril de 2010

terça-feira, 13 de abril de 2010

DEU NO ESTADÃO

O Estado de São Paulo - 30/03/2010
Cartas
SAÚDE PÚBLICA
Incontinência verbal

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em mais um de seus rompantes habituais de incontinência verbal, diz ter encontrado os culpados pelo caótico sistema de saúde nacional: os médicos.
Segundo reportagem veiculada sexta-feira em diversos jornais brasileiros, o presidente reclamou que "os médicos não aceitam ou cobram caro para trabalhar no interior e nas periferias" e que "é muito fácil ser médico na Avenida Paulista". Lula também criticou o Conselho Federal de Medicina, pedindo o reconhecimento dos diplomas dos médicos formados em Cuba. Ainda em tom jocoso, criticou o médico responsável pela amputação do seu dedo mínimo da mão esquerda. Sua ira se voltou também para os contrários à cobrança de novo tributo para aumentar os recursos para o setor de saúde.

O que o presidente finge não saber é que o médico sozinho, no interior ou em periferias, é incapaz de promover saúde. Ele precisa de apoio para exercer sua profissão, como laboratórios, equipamentos para exames, hospitais, enfim, tudo o que não é prioridade ou é claramente insuficiente em seu
governo. Lula também finge não saber que ninguém é contra o médico cubano: exige-se apenas que ele, como qualquer outro, se submeta ao exame de avaliação exigido para formados no exterior. Quanto à CPMF, governar impondo novos impostos ao já fatigado povo brasileiro é tão vulgar quanto dizer que
é "fácil ser médico na Avenida Paulista".

A Associação Médica Brasileira (AMB), em nome dos mais de 350 mil médicos brasileiros, sente-se ultrajada com as declarações do sr. Lula, visto inverídicas, por considerar que elas não condizem com o cargo que S. Sa. ocupa e por atingir a dignidade e a honradez daqueles que, diariamente, em hospitais ou consultórios, muitas vezes em condições precárias, lutam por manter a saúde do povo brasileiro.

O presidente Lula deve um pedido de desculpas à classe médica brasileira.

José Luiz Gomes do Amaral,
presidente da AMB



RESPOSTA DA SBC!

Resposta da SBC as palavras ofensivas do nosso presidente.. .. Tá no site oficial da SBC.

*Carta da Sociedade Brasileira de Cardiologia*

Porto Alegre, 02 de abril de 2010

Ao
Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Prezado
presidente,

A Sociedade Brasileira de Cardiologia vem externar sua decepção pelas palavras divulgadas pela imprensa e atribuidas a V. Excia. durante a solenidade de entrega de ambulâncias em Tatuí, quando teria criticado a classe médica em geral. A SBC também se solidariza com o presidente da Associação Médica Brasileira que, em nome de 350 mil médicos brasileiros, fez um desagravo aos profissionais atingidos em sua dignidade e honradez pelas referidas declarações, tão estranhas, que temos dúvida se a imprensa reproduziu fielmente suas palavras.

Em nome dos 12 mil cardiologistas brasileiros, grande parte dos quais exercendo a profissão em cidades
pequenas, mesmo em povoados às margens dos rios amazônicos, distantes dos grandes centros, com poucos e antiquados equipamentos e, mesmo assim, salvando vidas, a SBC vem lembrar que o esforço de seus
associados está levando o País em anos recentes a reduzir o número de mortes por causas cardiovasculares que, até há pouco, roubavam 315 mil vidas de brasileiros a cada ano.

Esses cardiologistas que trabalham em todos os rincões brasileiros, senhor presidente, é que garantem o
eficiente e rápido tratamento de uma crise de hipertensão, como a que afetou o presidente da República no
Nordeste brasileiro e são eles que, em campanhas como a que se desenvolve neste momento, difundem
informação sobre fatores de risco como a hipertensão, o tabagismo, a obesidade, para que no futuro os
brasileiros não passem por crises semelhantes à que atingiu V. Excia.

São esses médicos que, recebendo pouco do SUS, muitas vezes não tem recursos para acompanhar os congressos internacionais onde são apresentados os avanços da Medicina. Esse é o motivo que os leva a se
valerem da Internet para a “Educação Continuada” oferecida por essa Sociedade, para que no Brasil inteiro os pacientes sejam atendidos por uma Cardiologia de ponta, por médicos tão capacitados como os dos países desenvolvidos.

E é por causa do intenso esforço, dos seis anos de estudo, somados aos de residência médica, aos quais se
acrescenta toda uma vida de atualização, frequentemente de pesquisa, que os cardiologistas exigem
que médicos formados em cursos como os de Cuba passem por exames que demonstrem serem tão capazes como os profissionais formados no território brasileiro. Não estamos defendendo nossa categoria com essa
exigência, presidente, mas sim buscando a garantia de que os pacientes brasileiros sejam atendidos por
profissionais efetivamente capacitados.

Pedimos vênia para lembrar mais que, se hoje milhares de cardiologistas trabalham em cidades onde não se conta com recursos de tomografia computorizada, de ressonância magnética, laboratórios nem salas cirúrgicas adequadas, senhor presidente, não é culpa dos médicos e nem da falta da CPMF, imposto que,
tendo vigorado por vários anos, não foi empregado para sanar as mais evidentes lacunas da Saúde nas cidades pequenas, ao contrário do que desejava quem o propôs, justamente um cardiologista.

Os “médicos da avenida Paulista”, criticados por V. Excia., são os mesmos que, a cada dia, atendem milhares de pacientes pobres, vindos de cidades distantes em incontáveis ambulâncias das Prefeituras, que chegam a formar fila nas estradas, de madrugada, trazendo pacientes em busca da ajuda médica que a cidade grande oferece e com a qual não contam em suas cidades de origem, e não por culpa dos profissionais da Saúde.

Num País em desenvolvimento como o nosso, em que são limitados os recursos para a Saúde e escassas as
verbas para comprar o aparelhamento mais moderno, é simplesmente natural que se formem umas poucas
instituições de excelência, altamente equipadas, para onde migram os pacientes das regiões próximas.

Esse fenômeno é conhecido e foi vivido por V. Excia. quando, para seus exames e testes, que  necessariamente tem que ser os mais completos possíveis, pela importância de sua pessoa, os médicos que o atendem fazem com que o presidente da República deixe Brasília e frequente dois hospitais, o Incor e o Sírio
Libanês, situados, justamente, no entorno da avenida Paulista, citada jocosamente por V. Excia como o local “onde é fácil ser médico”.

Garantimos, ao contrário, que jamais foi fácil ser médico no nosso País, onde a Medicina continua tendo conotação de sacerdócio, principalmente para o crescente número de profissionais que depende, para sua
sobrevivência, dos seguro-saúde. Ainda agora as Sociedades médicas lutam e sozinhas, para conseguir que essas empresas que ganham importância diante da falha da Saúde Pública, sejam levadas a pagar uma
contrapartida pelo menos digna a quem dedicou sua vida ao exercício da Medicina.

Atenciosamente,

Jorge Ilha Guimarães
*Presidente da SBC*

terça-feira, 6 de abril de 2010

LEIAM - FESTA DOS 10 ANOS DA TURMA

Pessoal, num desses encontros da alta cúpula do CCRM, surgiu a preocupação com a nossa festa dos 10 anos, pois ainda não temos nada programado.
Já pensamos em cruzeiros, festas em Natal (Baile?), mas sempre a proposta vencedora é de uma viagem.
Assim, iniciaremos um ciclo de propostas de locais ou resorts para ser colocado em votação.

Fiquei sabendo de um bom resort na Paraíba chamado Mussulo. Tive boas recomendações de um tio que passou a Semana Santa lá.

Copiei o site abaixo para que todos possam olhar. Entretanto, vi um vídeo no You Tube (link abaixo) que fala barbaridades do local, de forma que gostaria que todos fizessem uma avaliação.
http://www.litoralverde.com.br/resort/conde/mussulo-beach-resort-by-mantra.php?cod_idioma=1&cod_sub_menu=1




Nada está definido. AGUARDAMOS SUGESTÕES para, posteriormente, se fazer uma enquete.
Abraços!

sexta-feira, 19 de março de 2010

O MAIS NOVO MEMBRO DO CCRM

Foi batizado no aniversário de Aline.
Danado foi consolar o pai da garotinha que não se conformava e chorava copiosamente!

segunda-feira, 15 de março de 2010

O Grande Erro a Respeito da Próstata - Por Chagas Gomes

A cada ano, cerca de 30 milhões de homens americanos são submetidos ao exame laboratorial para o antígeno prostático específico, uma enzima produzida pela próstata. Aprovado pelo FDA em 1994, o exame de PSA é o recurso mais comumente usado para detectar o câncer de próstata.


A popularidade do exame levou a um desastre extremamente caro de saúde pública. Esta é uma questão com a qual estou dolorosamente familiarizado - descobri o PSA em 1970. No momento em que o Congresso busca encontrar alternativas para cortar os custos de nosso sistema de saúde, é importante dizer que uma significativa poupança poderia resultar da mudança do uso deste antígeno para a triagem do câncer de próstata.
Os americanos gastam uma quantidade enorme de dinheiro realizando o exame de câncer de próstata. O gasto anual para o rastreio pelo PSA é de pelo menos 3 bilhões de dólares, sendo a maior parte coberta pelo Medicare e pela Repartição dos Veteranos.

O câncer de próstata tem grande cobertura pela imprensa, mas os números seguintes devem ser levados em consideração: os homens americanos têm 16 por cento de possibilidade de receber um diagnóstico de câncer de próstata ao longo de sua vida, mas apenas 3 por cento de risco de morrer da doença. Isso porque a maioria dos cânceres de próstata cresce lentamente. Em outras palavras, os homens que têm a sorte de chegar à velhice mais provavelmente morrerão com câncer de próstata do que dele.

Ademais, o exame é tão eficaz quanto jogar uma moeda para sorteio. Por muitos anos, tenho procurado deixar claro que o PSA não pode detectar o câncer de próstata e, mais importante, não pode distinguir entre dois tipos de câncer de próstata - aquele que vai lhe matar e aquele que não vai.

Em vez disso, o exame revela simplesmente a quantidade de antígeno prostático que um homem tem em seu sangue. Infecções, drogas de livre comercialização como o ibuprofeno e a inflamação benigna da próstata podem elevar os níveis de PSA de um homem, mas nenhum destes fatores é sinal de câncer. Homens com baixos níveis do antígeno podem, não obstante, abrigar cânceres perigosos, enquanto outros homens, com níveis altos, podem estar completamente saudáveis.

Ao aprovar o procedimento, o FDA estava se baseando num estudo que mostrou que o exame poderia detectar 3,8 % dos cânceres da próstata, uma taxa melhor do que a resultante do método padrão, o exame de toque retal.

Ainda assim, 3,8% é um valor reduzido. No entanto, especialmente no período inicial da aplicação da triagem, os homens com resultado de quatro nanogramas por mililitro eram enviados para dolorosas biópsias de próstata. Se a biópsia mostrava qualquer sinal de câncer, o paciente era quase sempre encaminhado para cirurgia, radioterapia ou outros danosos tratamentos intensivos.

A comunidade médica está lentamente se voltando contra a triagem pelo PSA. No ano passado, o The New England Journal of Medicine publicou os resultados dos dois maiores estudos sobre o processo de triagem, um na Europa e outro nos Estados Unidos. Os resultados do estudo americano mostram que durante um período de 7 a 10 anos, a triagem não reduziu a taxa de mortalidade em homens com 55 anos e mais.

O estudo europeu mostrou um ligeiro declínio nas taxas de mortalidade, mas também constatou que 48 homens precisavam ser tratados para que uma única vida fosse salva. Isto significa que 47 homens, com toda a probabilidade, ficaram sexualmente impotentes ou não mais podem ficar longe do banheiro por muito tempo.

Numerosos anteriores defensores do exame, incluindo Thomas Stamey, um conhecido urologista da Universidade de Stanford, pronunciaram-se contra os exames de rotina; no mês passado, a Sociedade Americana de Câncer pediu mais cautela no uso do exame. O Colégio Americano de Medicina Preventiva concluiu também que não havia provas suficientes para recomendar exames de rotina.

Então, por que ainda é usado? Porque as empresas farmacêuticas continuam vendendo os exames e os grupos de pressão que promovem a “conscientização sobre o câncer de próstata" incentivam os homens a fazer os exames. Vergonhosamente, a Associação Americana de Urologia ainda recomenda a triagem, enquanto o Instituto Nacional do Câncer é ambíguo sobre o assunto, afirmando que a evidência não é clara.

O painel federal com poderes para avaliar os exames de triagem para o câncer, o Comitê de Serviços Preventivos, recentemente recomendou ser contra a triagem de PSA para homens com 75 anos ou mais. Mas o grupo ainda não fez qualquer recomendação para os homens mais jovens.

O exame do antígeno prostático específico ainda tem uma indicação adequada. Após o tratamento do câncer de próstata, por exemplo, a sua rápida elevação indica retorno da doença. E os homens com histórico familiar de câncer de próstata provavelmente devem passar pelo exame regularmente. Se sua pontuação começar a subir, isto poderia significar câncer.

Mas esses usos são limitados. O exame absolutamente não deve ser aplicado a toda a população de homens com idade superior a 50, pois só interessa àqueles que têm a lucrar com isto.

Eu jamais imaginei que minha descoberta de quatro décadas atrás levaria a tal desastre de saúde pública em função de lucro. A comunidade médica tem de enfrentar a realidade e interromper o uso inadequado da triagem pelo PSA. Fazer isso economizaria bilhões de dólares e salvaria milhões de homens em relação a tratamentos desnecessários e invalidantes.


Richard J. Ablin é professor e pesquisador de imunobiologia e patologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Arizona e presidente da Fundação Robert Benjamin Ablin para Pesquisa do Câncer.

(Publicado no The New York Times, edição de 10 de março de 2010, traduzido por Roberto Passos Nogueira - presidente do Cebes)