sábado, 19 de novembro de 2011

Diretores de hospitais avaliam como positiva a reunião com a governadora



Na última sexta-feira (04) os diretores de hospitais da região metropolitana de Natal se reuniram com a Governadora, Rosalba Ciarlini e com o Secretário de Estado da Saúde Pública, Domício Arruda. O objetivo da reunião era discutir, entre alguns assuntos, a superlotação nas unidades hospitalares e a carência dos leitos de UTI. Após o encontro, os diretores saíram satisfeitos com a posição da Governadora, que já agendou uma próxima reunião para o dia 25.

"Nossa principal preocupação era em relação à autonomia dos hospitais e isso foi garantido pela Governadora, portanto ficamos muito satisfeitos com a reunião", falou Wilson Cleto, diretor do Hospital Maria Alice Fernandes. Ainda segundo Wilson Cleto, a reunião foi uma troca de informações sobre as dificuldades do estado.

De acordo com o Diretor do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, Mozart Dias, foi um momento em que a Governadora pode escutar as dificuldades de todos. "Apresentamos à Governadora nossas dificuldades em relação à manutenção do hospital, como a necessidade de profissionais e insumos. Saímos da reunião com o sentimento de credibilidade e garantia da autonomia financeira", disse Mozart Dias.

Para o Secretário de Estado da Saúde Pública, Domício Arruda, essa reunião mostra o comprometimento da equipe gestora com a Saúde do Rio Grande do Norte. "Estamos trabalhando com o compromisso de avançar nos procedimentos e na melhoria da qualidade de atendimento em nossas unidades hospitalares", afirmou o secretário.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Crônica de um João Ninguém

Doutor Jonas Alencar era um médico à moda antiga. Tinha qualidades que são um pouco raras hoje em dia: pontual, atencioso, amava sua profissão, ético, escutava os seus pacientes. Aos 65 anos, 38 deles dedicados à oftalmologia, ainda ia diariamente ao seu consultório. Sempre na hora. Nos últimos 05 anos começou a perder um pouco de estímulo com a sua profissão. Estava triste. A baixa remuneração que os planos de saúde pagavam por seu trabalho quase que o obrigava a ter que atender um maior número de pacientes para manter o consultório aberto. Mas ele resistia. Agendava somente um paciente a cada meia hora para fazer uma consulta que ele considerava decente. Seus colegas diziam que ele tinha que se adaptar às mudanças, que 30 minutos para uma consulta era inviável. E era! Entretanto ele fazia o que achava certo.

Era mais um dia normal, com exceção que era o aniversário de 01 ano de sua primeira neta, Júlia. Toda a família estaria lá e eles pediram que ele não se atrasasse para a festa. Chegou para trabalhar à tarde, como de costume 15 minutos antes do primeiro paciente que estava agendado para as 14 horas. Olhou sua agenda e pressentiu um problema: os 03 últimos pacientes eram da mesma família. Raramente, quando isso acontece, eles chegam no horário marcado. Ele começou o seu atendimento e tudo transcorreu bem, até que o relógio marcou 17 horas, hora que o primeiro paciente da bendita família deveria ser atendido. E nada. Meia hora de espera e nada. Ele pediu para que a Sra. Kátia, sua secretária há 20 anos, ligasse para saber se eles viriam. “Tamo chegando”, foi a resposta. Às 18 horas entram os três no consultório, a mãe e dois filhos. Educadamente, Dr. Jonas cumprimenta-os. Pergunta como eles estão. Inicia uma conversa:

- Quem indicou vocês para mim?

- O meu filho procurou no livro do plano de saúde e gostou do seu nome. Como é o seu nome mesmo doutor? Perguntou a mãe.

- Jonas. Respondeu ele, não acreditando que alguém fosse se consultar sem saber o nome do médico.

- Pois é Dr. João, eu vim aqui para fazer exame de vista.

- Tudo bem. Mas me chamo Jonas.

Iniciou o exame da mãe. Ela logo alertou a ele:

- Detesto exame de vista. Deveriam inventar alguma coisa mais moderna.

- Concordo. Disse o médico, sem querer entrar em choque com a paciente.

No meio do exame, subitamente surge um som alto e depois alguma coisa parecida com uma música:

“Eu queria um homem prá dar lipo e silicone, eu queria um homem prá dar lipo e silicone”.*

Era o celular da paciente que tocava. E o pior: ela atendeu! Dr. Jonas esperou pacientemente ela terminar a conversa. Finalizou o seu exame. Depois examinou os filhos, interrompido várias vezes pelo refrão: “eu queria um homem prá dar lipo e silicone” que depois ficou ele sabendo que era a música de uma famosa banda de forró, embora ele não considerasse aquilo um forró. Após terminar o exame do segundo filho, ela diz:

- Dr. João, queria te pedir um favor. Você poderia dar uma “olhadinha” no meu pai? Ele está com um problema no olho, mas ele não tem plano...

Dr. Jonas, que não era médico de dar “olhadinha” em ninguém, fez o exame completo no pai. Sem cobrar. “eu queria um homem prá dar lipo e silicone”, tocava insistentemente o celular da mulher. Despediu-se dos quatro.

- Você é João de que? Perguntou a mulher

A pergunta foi encoberta pelo som de “Vai Safadão” vindo do telefone celular de um dos filhos.

- Perdão senhora, não entendi a pergunta.

- O seu nome é João o quê?

- João Ninguém! Respondeu calmamente o médico

Falou aquilo, pois era como ele se sentia, um João Ninguém. Saiu do consultório, agradeceu a Sra. Kátia todos os anos de dedicação. Deixou avisado que estava se aposentando.

- Por quê? Perguntou a secretária.

- Porque eu não sei mais como praticar essa Medicina.

Foi para a festa de sua neta. Com sorte ainda chegaria a tempo de ver o assoprar das velinhas.

* Caso o leitor se interesse, pode escutar esse “clássico” da MPB através do link http://letras.terra.com.br/avioes-do-forro/1892801/

Texto Escrito Por Uchoandro Costa Uchôa. Médico de profissão, escritor (muito) amador.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Carta p/ Thiago

Caro Chagas.

Compartilho fortemente de sua opinião (p/ variar) quanto a se escolher o melhor lugar para tratar-se e não acho válido entrar no mérito da discussão política no que tange o fato de ser particular ou público.

Enxergo porém, neste imbróglio, uma discussão muito mais salutar e de importância para a classe médica como um todo. O valor da OPINIÃO MÉDICA em casos de tratamento das chamadas doenças de diagnóstico catastrófico (p ex câncer), não no caso de Lula, mas em outros casos de pessoas abastadas, algumas até conhecidas de nossa humilde e maltratada Natal (e do estado também).

Alguma vez já soubemos se a escolha do Sírio ou de outro hospital partiu de uma sugestão médica?

Sinceramente, as pessoas que conheço e que já realizaram algum procedimento no hospital em questão, o fizeram por iniciativa própria ou indicação de amigos/conhecidos.

Fato é, meu caro, que tudo passa pelo "marqueting" tupiniquim, principalmente nas localidades onde as pessoas acham poderoso tratar-se "nu Ricife" ou em "Sumpaulo". Nós conhecemos serviços de refência médica de níveis elevadíssimos e... No serviço público!!! Claro, com as dificuldades jurássicas no acesso, mas serviços de excelência. No entanto, estes hospitais não realizam os charmosos check ups anuais, não têm a rotina (não comprovada) de realizar US doppler de 6/6h para casos de escaras de membros inferiores e não cobram diretamente do usuário, ou seja, NÃO DÃO IBOPE.

Quanto à "oncopoliticologia", lembro do ex-Governador de SP, Mario Covas e seu Ca metastático de bexiga em 2001. Não sei onde tratou-se, mas morreu no INCOR. Ao descobrir que as opções terapêuticas tinham-se esgotado, O MÉDICO (pelo menos foi o que divulgaram) tomou a decisão de tirá-lo da UTI para que morresse dignamente em um quarto, junto aos familiares. Um ato de amor, dignidade e humanismo, um ato médico.

Lembro ainda que, durante o período de tratamento, em um evento na Praça da República, Covas sofreu algumas agressões devido à insatisfação da oposição da época (durante seu mandato, houve várias privatizações de estatais em SP) num exemplo de que para os radicais, de nada vale a situação humana do indivíduo. 

É isso, amigo, que consigo extrair destes xingamentos e absurdos que tenho lido/escutado por ai.

Abraços

Wilson