segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Carta p/ Thiago

Caro Chagas.

Compartilho fortemente de sua opinião (p/ variar) quanto a se escolher o melhor lugar para tratar-se e não acho válido entrar no mérito da discussão política no que tange o fato de ser particular ou público.

Enxergo porém, neste imbróglio, uma discussão muito mais salutar e de importância para a classe médica como um todo. O valor da OPINIÃO MÉDICA em casos de tratamento das chamadas doenças de diagnóstico catastrófico (p ex câncer), não no caso de Lula, mas em outros casos de pessoas abastadas, algumas até conhecidas de nossa humilde e maltratada Natal (e do estado também).

Alguma vez já soubemos se a escolha do Sírio ou de outro hospital partiu de uma sugestão médica?

Sinceramente, as pessoas que conheço e que já realizaram algum procedimento no hospital em questão, o fizeram por iniciativa própria ou indicação de amigos/conhecidos.

Fato é, meu caro, que tudo passa pelo "marqueting" tupiniquim, principalmente nas localidades onde as pessoas acham poderoso tratar-se "nu Ricife" ou em "Sumpaulo". Nós conhecemos serviços de refência médica de níveis elevadíssimos e... No serviço público!!! Claro, com as dificuldades jurássicas no acesso, mas serviços de excelência. No entanto, estes hospitais não realizam os charmosos check ups anuais, não têm a rotina (não comprovada) de realizar US doppler de 6/6h para casos de escaras de membros inferiores e não cobram diretamente do usuário, ou seja, NÃO DÃO IBOPE.

Quanto à "oncopoliticologia", lembro do ex-Governador de SP, Mario Covas e seu Ca metastático de bexiga em 2001. Não sei onde tratou-se, mas morreu no INCOR. Ao descobrir que as opções terapêuticas tinham-se esgotado, O MÉDICO (pelo menos foi o que divulgaram) tomou a decisão de tirá-lo da UTI para que morresse dignamente em um quarto, junto aos familiares. Um ato de amor, dignidade e humanismo, um ato médico.

Lembro ainda que, durante o período de tratamento, em um evento na Praça da República, Covas sofreu algumas agressões devido à insatisfação da oposição da época (durante seu mandato, houve várias privatizações de estatais em SP) num exemplo de que para os radicais, de nada vale a situação humana do indivíduo. 

É isso, amigo, que consigo extrair destes xingamentos e absurdos que tenho lido/escutado por ai.

Abraços

Wilson

Um comentário:

  1. Caro Amigo Wilson Cleber,
    Isto mesmo, vemos hoje as escolhas em saúde, baseadas em desejos e não em necessidade, isto implica também em status, que é o que coloca sobre a busca de outros serviços de fora. Compartilho da opinião que temos serviços de excelência no SUS, que precisamos qualificar o ACESSO, e também fazer o nosso endo- e exo-marketing do SUS. Porque a mídia é implacável com nosso SUS, só mostra as mazelas. Grande abraço,
    Thiago

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