quinta-feira, 23 de setembro de 2010

ARTIGO - Wilson Filho

LUCAS DO QUÊ???
          Lucas do Rio Verde, pequena cidade situada no Médio-Norte do estado do Mato Grosso, distante 350 quilômetros da capital. Quente pra danado! Longe pra danado! População em 2009: 33.556 habitantes.

          Temos um colega lá, Bina-Haã-Med (nome “quase” fictício). Anestesiologista, salário razoável; encontrava-se empregado em São Paulo e foi aventurar-se no interior do Mato Grosso. Por quê? Bina não é fazendeiro, morou a vida toda em Natal, não tem família a quem visita frequentemente no interior, de forma que não tem, para nós potiguares, o perfil pessoal do médico que esperava-se migrar para a chamada “medicina de interior de estado”.

          O fato, caro leitor, é que nem todas as cidades do interior são iguais. Aliás, os municípios e os estados são diferentes; principalmente quando o referencial é o Rio Grande do Norte ou algum outro estado do Nordeste do Brasil. Curioso? Basta visitar o site do município em http://www.lucasdorioverde.mt.gov.br/ e comparar com os de alguns do Rio Grande do Norte como Caicó (http://www.prefeituradecaico.com.br/) ou Currais Novos (http://www.curraisnovos.rn.gov.br). As nossas informações são apenas político-geográficas, além de promover a imagem da gestão atual em fotos e eventos, sem qualquer serviço para o cidadão comum; enquanto o primeiro apresenta vários serviços on-line, como alvará digital, certidão negativa, carnê de IPTU. Ainda, se persistirmos pesquisando nossas páginas na rede mundial, encontraremos uma semelhança absurda, pois quase todos os sites estão em um mesmo formato, como se fora um destes Blogs gratuitos. É difícil exercer a medicina em locais onde se contrata estudantes ao invés de médicos, onde a maternidade municipal funciona para qualquer coisa que não seja parto, onde os salários são pagos na própria casa do Sr Prefeito, em mãos, em cash.

          Trata-se do “saber administrar” (ou querê-lo). Trata-se ainda, de uma questão histórico-cultural, das políticas de assentamento/colonização e extrativismo as quais cada região deste imenso pais foi submetida. Certa feita, discuti com um grande amigo que afirmava que o nosso estado teria tido o mesmo avanço que os estados do Sul e Sudeste, caso recebesse as mesmas entradas financeiras que São Paulo, por exemplo. Talvez! Talvez estivéssemos melhores do que estamos hoje, mas avançar como o Sudeste??? Infelizmente o conceito de progresso por aqui é diferente.

          O sucesso de nosso colega em Lucas do Rio Verde é certo. Resta-nos torcer para que os gestores potiguares possam se espelhar nos bons exemplos Brasil afora para que haja, no interior do estado do Rio Grande do Norte, melhores condições para a prática da medicina e do “viver” como um todo.

Wilson Cleto de Medeiros Filho
(Medico, Pediatra, em Natal)

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